Gonçalo Cabrita, doutorando na Universidade de Coimbra (UC), criou um sistema capaz de produzir comida sem qualquer intervenção do utilizador, o Cool-Farm. «Sempre procurei conciliar a biologia com a tecnologia. Parte de nós termos uma consciência ecológica e utilizarmos a tecnologia de uma forma que não seja intrusiva», afirma o especialista que, para desenvolver o projecto, aplicou os seus conhecimentos em robótica e inteligência artificial, adquiridos no âmbito do doutoramento que está a tirar no Instituto de Sistemas e Robótica da UC. «Começou por ser um gadget para casa, mas falámos com alguns produtores e vimos que poderia ter saída no meio industrial», conta.
Foi graças a essa análise de mercado e testes que Gonçalo Cabrita e a sua equipa alteraram o conceito e criaram o Cool-Farm a pensar numa estrutura muito usada na produção agrícola, as estufas. «A ideia não é só medir dados, é também poder atuar sobre o ambiente da planta. Se nós tivermos uma plantação ao ar livre, há pouca coisa que nós podemos controlar. Dentro de uma estufa, tudo pode ser alterado e controlado pelo sistema», explica o criador do conceito, que optou por desenvolver a tecnologia especificamente para a hidroponia e aquaponia, que são dois métodos de cultivo em que o substrato é água.
Isso permite provocar variações e produzir resultados rápidos. Através de uma série de sensores e parâmetros, «o Cool-Farm consegue controlar desde a temperatura do ar, humidade, luz, o pH e a temperatura da água, aos nutrientes». Mais, Gonçalo Cabrita diz que, além de ser inteligente, o sistema pode ser adaptado a várias tipologias de estufa e ainda «permite criar sistemas de suporte verticais em que vamos tendo vários andares de plantas». O projeto, que já foi reconhecido e elogiado publicamente pelo The Washington Post, também conta com o aval do UK Trade & Investment, do IE Business School e do TFF Challenge.
Texto: Filipa Basílio da Silva
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