É uma das poucas rappers femininas portuguesas, na realidade, uma minoria mesmo, se pensarmos naquelas que se dedicam de alma e coração e investem tempo e dinheiro nesta carreira: "Escolhi fazer rap precisamente pelo gosto da palavra, pelo gosto de escrever e acredito no poder da palavra", disse Ana Fernandes, a Capicua, em entrevista à agência Lusa.
Nascida no Porto, o gosto pela palavra foi-lhe incutido pela família com referências fortes a José Mário Branco e a Zeca Afonso: "Em minha casa nunca houve a fobia da palavra política, que é uma coisa que a minha geração tem muito. Não gosta de falar de política, não gosta de partidos, é apolitizada por convicção", afirmou.
Uma verdadeira guerreira que usa a música como forma de intervenção e que não deixa que a condição de mulher afete os seus sonhos e objetivos.
"Dentro do hip hop, ser mulher tem coisas boas e tem coisas más. Por um lado, acho que qualquer mulher no hip hop tem que provar três vezes o seu valor para ser reconhecida (...). Depois de ganhar esse reconhecimento é mais fácil ganhares visibilidade, porque somos poucas" refere.
Mas enquanto a sociedade ainda questiona os sexos, Ana vai usando as rimas para dizer o que pensa e fazer trocadilhos com o que significa MC: Maria Capaz.
"Eu sinto responsabilidade em escrever sobre aquilo que a mim me preocupa em cada momento. Eu não quero ser provedora, eu não sou uma repórter, sou uma escritora de canções. Sou uma MC", remata a jovem.
Para quem quiser conhecê-la melhor, dois concertos já estão agendados: no dia 17 na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, e no dia 31 no Plano B, no Porto.
6 de Março de 2012
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