Vinha mesmo agora a guiar com um jeep da GNR a perseguir-me! Está bem, está bem, talvez não viessem em perseguição. Se calhar vinham apenas para o mesmo sítio que eu.  Por via das dúvidas prestei ainda mais atenção ao caminho que faço sempre porque, embora seja moçoila atinada nestas andanças da estrada, não me apetecia nada começar a semana com alguma desagradável surpresa.

A certa altura passei por um vilarejo e reduzi para os 50 quilómetros/hora que a placa indicava como limite máximo permitido. Mas, após passar o casario, não vi nenhum sinal que indicasse o fim da proibição de andar a mais de 50. Ora a estrada era nacional e com árvores de um lado e de outro. O que fazer? Seguindo as regras e a circunstância de os ter atrás de mim, deveria ter continuado a 50? Ou poderia circular mais depressa, de acordo com uma sinalética erroneamente inexistente?

Acelerei com a consciência de que talvez me estivesse a colocar em desnecessários apuros. Mas duvido que exista apuro maior do que não pensar e não reagir de acordo com os direitos e deveres que nos assistem. Preparei a minha defesa para o caso de me interpelarem e passei para 80 à hora. E eles fizeram o mesmo.

Acabei a pequena viagem a pensar que a única proibição que devemos desrespeitar sempre é a proibição de pensar, e que não há motivos para nos conduzirmos de acordo com os erros alheios. Muito pelo contrário.

Ana Amorim Dias

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