Depois de nove anos de forte crescimento, a evolução dos preços das casas em Portugal deverá inverter-se este ano, segundo as previsões de especialistas e profissionais do setor. O aperto das condições financeiras e a acentuada subida dos juros deverão ditar também um arrefecimento da procura. Neste artigo, mostramos como evoluíram os preços no ano passado e quais as projeções para este ano.

Como se comportaram os preços das casas em 2022?

De acordo com os dados do Índice de Preços da Alfredo (uma plataforma que capta a realidade do mercado imobiliário em Portugal com base em informação de vários portais públicos de listagem e sites de agências imobiliárias, através de dados de transação trabalhados com algoritmos de Inteligência Artificial), em 2022, os preços das casas aumentaram 9,7%. De acordo com a Alfredo, no final do ano passado, os imóveis residenciais estavam a ser transacionados a um valor médio de 2.066 euros por metro quadrado.

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Este aumento da subida de preços foi acompanhado por uma diminuição significativa da oferta. Em dezembro de 2022, havia 157.593 imóveis disponíveis no mercado, o que traduz um decréscimo de 17,57% face ao final do ano anterior. Este valor compara com o pico de 267.349 atingido em maio de 2020, mês em que se registou a maior oferta.

A única capital de distrito a registar uma queda nos preços das casas em 2022 foi a Guarda. Em dezembro, os imóveis residenciais foram transacionados a um valor médio de 411 euros por m2, o que representa uma descida de 17,8% face ao mesmo mês do ano anterior.

Contrariamente às ilhas e ao sul do país, onde foram registadas as maiores subidas de preços em 2022. O destaque vai para Évora, onde foi observado um aumento anual de 36,9% para 1.863 euros por metro quadrado, justificado pela escassez de oferta na região. Nas ilhas, o Funchal registou uma subida anual de 22,5% para 2.313 euros por metro quadrado.

Já Lisboa e o Porto foram as cidades com os preços de venda mais elevados em dezembro, com 4.451 e 2.820 euros por m2, respetivamente. Porém, o crescimento anual foi abaixo da média nacional: 5,7% e 7,2%.

Quais as expectativas para os preços das casas em 2023?

Tendo em conta a mudança de contexto no terceiro trimestre de 2022, com a subida da inflação e o aumento dos juros por parte do Banco Central Europeu (BCE), os especialistas do BPI Research antecipam uma correção de 1,5% no preço das casas este ano.

Em 2023 assistiremos a um abrandamento de preços decorrente de um “arrefecimento da procura associado ao apertar das condições financeiras e ao ritmo de subida das taxas de juro mais rápido do que o inicialmente previsto”, sublinham os especialistas.

Segundo o BPI Research, em setembro de 2021, a média da taxa de esforço dos portugueses era inferior a 22%. Um ano depois, em setembro de 2022, esse rácio subiu para mais de 36%, refletindo a maior dificuldade das famílias no pagamento dos seus créditos habitação.

Para os profissionais do setor, é ainda expectável uma redução do número de transações. Em declarações à Lusa, o CEO da Era Portugal aponta que não iremos assistir a um “crescimento galopante dos preços das casas como aquele que tem acontecido nos últimos tempos”, mas nem “com toda a certeza, a uma queda abrupta”.