Para conseguir o título, Ricardo Jorge Gomes ganhou os torneios de jogos de tabuleiro com "Ticket to Ride Europe" e "Honshu", ficou em segundo lugar em “Splendor” e em terceiro em “Catan” e “7 Wonders”, terminando com 464,51 pontos num total possível de 500 nesta prova que decorreu entre o dia 20 e domingo na capital inglesa.
Ao todo, Ricardo ganhou oito medalhas, sendo as restantes de bronze no "Marco Polo", "Mensa Connections" e no "Loft Cities", num escrutínio que para apurar o campeão contam apenas os cinco melhores resultados.
Em declarações à Lusa, o jogador semiprofissional de jogos de tabuleiro explicou que "joga e estuda entre quatro a seis horas diárias", num exercício constante que o faz "defrontar-se" a si próprio e para o qual o "ambiente familiar" também é uma "grande ajuda".
Três anos a melhorar a classificação
Depois de nos três anos anteriores ter melhorado sempre a classificação do quarto ao segundo lugar, fruto de triunfos em jogos na prova londrina, o subdiretor de um hotel em Setúbal foi pela primeira vez campeão, confirmando a nível mundial o domínio há uma década em Portugal.
Assumindo-se como "um especialista em jogos de tabuleiro que trabalha num hotel", Ricardo Jorge Gomes mantém uma "atividade intensa" em torno dos jogos da mente e vai lançar em breve dois jogos criados por si chamados "Fado: duetos e desgarradas" e "Douro 1872", este inspirado "na praga da filoxera que em 1872 atacou o vale do Douro e dizimou a produção do Vinho do Porto", disse.
Num país onde "se privilegia mais a habilidade física que a cerebral", o campeão entende que "um maior reconhecimento" permitir-lhe-ia tornar-se "profissional dos jogos de tabuleiro", mostrando-se, contudo, convicto de que "os patrocínios mais dia menos dia irão começar a aparecer".
Depois de em setembro de 2017, no Palácio de Belém, "ter em dois minutos despertado a atenção do Presidente da República para o ‘Catan’", Ricardo Jorge Gomes disse à Lusa que, se pudesse, seria "Marcelo Rebelo de Sousa quem convidaria para jogar".
E se a participação num Campeonato do Mundo está garantida à cabeça, "com as despesas pagas", por ser o melhor em Portugal, competir nas Olimpíadas tem custos, facto que, para o português, a sua “atividade [comercial] em torno dos jogos ajuda a suportar".
Nuno Rabaça Torres, na sua estreia nesta Olimpíada, foi outro dos portugueses em destaque na capital inglesa, conquistando também a medalha de ouro em "Monopoly", a de prata em "Trench" e em "TriHexa", bem como a de bronze em "Ticket to Ride Europe".
Há cinco anos seduzido pelo jogo “Catan”, o engenheiro de Gondomar, distrito do Porto, partiu para a capital britânica com a "intenção de treinar para conseguir o melhor resultado e conhecer a forma como a prova está organizada", abdicando "das férias para competir em Londres".
"As quatro medalhas que consegui foram um extra", disse, admitindo que parte da curiosidade da participação baseou-se na vontade de "um dia fazer em Portugal algo do género".
Questionado sobre se há mais influência dos jogos no quotidiano profissional ou se o contrário, Nuno Rabaça Torres admitiu as duas, afirmando que nuns casos "os jogos ajudam profissionalmente", dando como exemplo “a ‘gamificação', que consiste em aplicar teorias de jogos na área profissional".
"Mas o contrário também existe, porque quanto mais experiência mais facilidade dá em certo tipo de jogos, sendo que nada disto é obrigatório que tenha de estar presente", explicou o jogador português.
A medalha de ouro ganha em Londres, na competição de monopólio, foi decidida em 35 minutos, tempo definido de jogo, contra adversários italianos e ingleses.
Em juniores houve também um português premiado, Samuel Pires, que é treinado por Ricardo Jorge Gomes e que conquistou sete medalhas, quatro delas de ouro, nos jogos de "Carcassonne", "Poker Texas Holdem", "Honshu" e First “Class”.
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