A recomendação é para estarmos fechados em casa mas, um pouco por todo o mundo, são muitos os milionários que o preferem fazer longe das residências habituais e com a garantia de não terem (praticamente) ninguém por perto. Desde o início de pandemia de covid-19, os mais ricos têm investido em ilhas privadas, búnqueres e jatos particulares. Nos EUA, só nas últimas semanas, os pedidos de informação para a compra de propriedades acessíveis apenas de barco aumentou 30%.
"Dispararam sobretudo nos últimos 10 dias", confirma Chris Krolow, diretor executivo da Private Islands Inc. A única agência imobiliária que se dedida exclusivamente à compra e venda de ilhas privadas não é, no entanto, a única do setor a registar esse tipo de procura. Em vários países, a procura de castelos isolados, de mansões com fossos, de ilhas desabitadas e de búnqueres também aumentou consideravelmente, assim como a de iates e de jatos.
"Nas últimas semanas, houve um crescimento da procura de voos [particulares] de última hora por causa da covid-19. Um número muito significativo", sublinha mesmo Adam Twidell, diretor-geral da empresa PrivateFly. "As pessoas procuram evitar o contacto com pessoas nos aviões [comerciais] e nos aeroportos", sublinha. Só em janeiro, os voos privados entre Hong Kong e a Austrália e a América do Norte dispararam 214% face ao mesmo período do ano anterior. A tendência mantém-se. Para fazer face às novas restrições que se vivem, muitos milionários veem-se ainda obrigados a desembolsar (ainda) mais para satisfazer os caprichos que a sua condição abastada lhes permite.
Penny Mosgrove, diretora-executiva da Quintessentially Estates, uma agencia imobiliária de luxo, tem tido de lidar com alguns deles. Um dos seus clientes já lhe ordenou a execução de um spa no interior da luxuosa habitação em que vive por exigência da mulher, impedida de visitar os que frequentava. Outro pediu-lhe que lhe encontrasse um apartamento duplex porque não quer contaminar a casa apalaçada de 35 milhões de libras esterlinas, 38,2 milhões de euros.
Para isso, está disposto a pagar uma renda mensal de 18.000 libras esterlinas, mais de 19.660 euros. "Em vez de mandar flores à namorada, um cliente pediu-nos para lhe enviar um ramo feito com desifentante de mãos, máscaras e lenços de papel", revela Penny Mosgrove. "No nosso trabalho de agentes imobiliários e consultores, já estamos habituados a pedidos inusitados. Mas os que temos tido ainda o são mais", garante a diretora-executiva da empresa.
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