- Mãe, as pessoas têm sangue quente ou frio?
Baixei a música e esfreguei as mãos de contente. "Eh eh, vem aí crónicaaaa!"
- Nós somos mamíferos, João, e, como tal, somos "animais" de sangue quente. A nossa temperatura tem que se manter sempre perto dos trinta e sete graus.
- Então porque é que o Jorginho diz que tem sangue frio?
Comecei a rir.
- Sim, mãe, ele diz que tem sangue frio e que é por isso que consegue não se irritar com os outros e não lhes bater!
- Sabes? A expressão "ter sangue frio" aplica-se às pessoas que, em certas situações mais complicadas, conseguem não se exaltar e manter a calma.
- E as cobras? Têm sangue quente, não?
- Essas têm sangue frio.
- Então porque é que não têm calma e atacam?...
Acordei a pensar nas temperaturas do sangue e cheguei à conclusão que, à medida que os anos vão passando por nós e a sabedoria vai aumentando, a temperatura do sangue desce. Com a quantidade certa de experiência de vida e o incremento da inteligência emocional, vamos percebendo que o sangue frio é um aliado tremendo. É por isso que, independentemente da temperatura constantemente quentinha do sangue que me corre nas veias, continuo a apreciar o fervente sangue da minha alma latina... e a frescura do sangue das reações, que já vão começando a aprender a ser mais calmas e contidas. Realmente é muito bom isto de ter sangue frio em sangue quente.
Ana Amorim Dias (com o contributo inestimável da inspiração filial)
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