A Cirurgia de Mohs é uma técnica inovadora para o tratamento de muitos carcinomas basocelulares (BCC) e carcinomas de células escamosas (SCCs), os dois tipos mais comuns de cancro de pele. Esta técnica permite tratar este tipo de tumores de forma mais eficaz com maior garantia que fica tratado no próprio dia e com uma redução da cicatriz cirúrgica, poupando, assim, a pele saudável.
Antes do desenvolvimento do procedimento cirúrgico moderno de Mohs, era necessário aguardar a resposta de um laboratório para saber os resultados de uma biopsia da pele entre 1 semana a 15 dias. Se o seu dermatologista retirasse uma lesão cutânea suspeita, o laboratório determinaria se a amostra de pele era benigna (não cancerosa) ou maligna (cancerosa). Também poderia ser necessário voltar a fazer várias excisões antes de o dermatologista ter a certeza de que todas as células cancerosas da pele foram removidas.
É recomendado este tipo de procedimento a doentes com cancros de pele comuns, como o carcinoma basocelular (CBC) e o carcinoma espinocelular (CEC) principalmente em tumores localizados em zonas em que temos pouca pele para poder retirar margem de segurança de tamanho aceitável como por exemplo nariz, pálpebras, orelhas, couro cabeludo, mãos, pés e genitais; quando não têm fronteiras claramente definidas; e em casos de tumores de maior dimensão. Também é utilizada como tratamento do cancro da pele para certos tipos de melanoma e outras tumores de pele mais invulgares.
Este tipo de cirurgia para o cancro de pele é especialmente útil para doentes com tumores que têm risco elevado de recorrência, de grande dimensão, mais agressivos ou infiltrativos, localizados em áreas com pouco tecido em que a reconstrução cirúrgica se adivinha complexa e em casos que queremos ter a certeza de que no mesmo procedimento o tumor fica totalmente excisado.
Face à cirurgia convencional, a cirurgia de Mohs apresenta a vantagem de, através do controlo microscópico das margens do tumor durante a cirurgia, garantir a sua remoção total, sem qualquer agressão ou extração da pele normal, enquanto na cirurgia convencional o tumor é retirado com margens de segurança e enviado para a anatomia patológica, cujo resultado é fornecido habitualmente entre uma a duas semanas.
Depois de anestesiar a área com anestesia local, o médico remove o tumor e as margens circundantes. Ao observá-la ao microscópio, é possível confirmar o tipo de tumor e verificar se as margens estão completamente livres de cancro. Em caso afirmativo, o tratamento termina com reconstrução da ferida cirúrgica. Se, no entanto, ainda existirem algumas células cancerígenas na pele circundante, o especialista em Mohs, pode retirar uma nova camada de pele no quadrante em que estavam as células malignas até que todas as células malignas sejam removidas e confirmadas histologicamente ao microscópio. O procedimento no total pode demorar várias horas, mas terá a certeza que praticamente cem por cento estará livre de cancro quando terminar o processo.
A maioria dos pacientes, após a cirurgia, acha o processo de recuperação simples visto a abordagem cirúrgica ser simples, deixar o tecido circundante ileso e não requer internamento. Recomenda-se que a pessoa seja acompanhada à saída da clínica, bem como ter atenção a esforços (por exemplo: pesos), exposição solar, cicatrização e pequenos inchaços.
A longo prazo, apesar da taxa elevada de sucesso recomenda-se ao paciente que continue a fazer os seus exames anuais de rastreio de cancro da pele.
Fazer qualquer tipo de cirurgia à pele pode ser intimidante. No entanto, se o dermatologista ou cirurgião especialista recomendou a cirurgia micrográfica de Mohs, pode sentir-se confortável em fazê-la, especialmente por saber que esta cirurgia tem uma taxa de cura muito elevada.
O dermatologista removerá apenas a quantidade mínima de pele necessária para tratar o cancro sendo o resultado cosmético também melhor.
Um artigo de Luís Uva, dermatologista e diretor clínico da Personal Derma.
Comentários