O que é?
A cirurgia micrográfica de Mohs é a técnica cirúrgica mais avançada para o tratamento de alguns cancros de pele (como o carcinoma basocelular e espinocelular). Trata-se de uma técnica extremamente precisa, com uma taxa de cura de cerca de 98-99%. Este método permite identificar e localizar com rigor a presença de tumor nas margens, durante intervenção cirúrgica.
Quais as diferenças entre a cirurgia de Mohs e a cirurgia tradicional?
O tratamento tradicional (sem cirurgia de Mohs) consiste na remoção cirúrgica com margens pré-definidas de 4-6mm em torno do tumor. Imediatamente de seguida, fecha-se a ferida com pontos cirúrgicos e só posteriormente é feita a análise do tumor extraído para determinar se foi ou não totalmente removido. Caso a remoção não tenha sido completa, habitualmente é recomendável uma nova intervenção cirúrgica.
Na Cirurgia de Mohs, o tumor é removido com uma margem inicialmente estreita, a qual é de seguida observada ao microscópio. Quando se identifica persistência de células malignas nestas margens, faz-se um pequeno alargamento (ou seja remove-se um pouco mais de tecido) apenas nas zonas onde se identificou a presença de tumor. Este procedimento é repetido até já não serem identificadas quaisquer células malignas, o que resulta numa elevada taxa de cura. Paralelamente, uma vez que extrai apenas uma margem estreita de início e só se alarga a margem nas áreas onde há persistência comprovada de tumor, permite a máxima conservação de pele sã.
A cirurgia de Mohs é realizada em regime ambulatório, sem necessidade de internamento e sob anestesia local.
Quais as vantagens da cirurgia de Mohs?
A cirurgia de Mohs alia a maior taxa de cura de vários cancros da pele, à maior capacidade de preservação de pele saudável, facilitando um melhor resultado cosmético e minimizando a necessidade de cirurgias adicionais.
Quem realiza a cirurgia de Mohs?
A cirurgia de Mohs é realizada por Dermatologistas especificamente treinados e habilitados para esta técnica. É necessário equipamento específico e uma equipa multidisciplinar treinada para o efeito.
Quem precisa de cirurgia de Mohs?
A cirurgia de Mohs destina-se a tumores como o carcinoma basocelular ou e o espinocelular, com indicadores clínicos de gravidade (subtipos de maior agressividade, ocorrência em área de radioterapia prévia ou em pessoas imunodeprimidas), ou localizados em áreas sensíveis, como a face. A cirurgia de Mohs está na primeira linha de tratamento para vários destes tumores, de acordo com normas de tratamento internacionais.
Qual a urgência no tratamento destes cancros da pele? Adiar para “depois da pandemia”?
O tratamento do cancro da pele não deve ser adiado. Embora alguns tipos de cancro da pele possam ter uma evolução lenta, outros podem ser agressivos e ter consequências graves, se não tratados.
Adiar o tratamento de um cancro da pele, quando é dada indicação médica para o seu tratamento, é um erro que pode custar caro. As prioridades devem ser discutidas individualmente com o Dermatologista. Atualmente, o risco de adquirir infeção por Covid19 no contexto do tratamento de um cancro da pele é extremamente baixo, enquanto os riscos de não tratar o cancro se mantêm elevados.
As explicações são da médica Daniela Cunha, dermatologista no Hospital CUF Descobertas - CUF Oncologia.
Comentários