A designação cancro da pele não melanoma é utilizada para referir outras tipologias de cancro da pele com origem nas células da epiderme, mas não nos melanócitos. São tumores de crescimento mais lento e menos agressivos, como é o caso do Carcinoma basocelular ou basalioma, menos grave e que representa 65% dos casos clínicos e o Carcinoma espinocelular, epidermoide ou de células escamosas que representa 25% dos casos.
As células das várias camadas da pele crescem, multiplicam-se e morrem, num processo de renovação celular permanente. O cancro da pele não melanoma resulta de uma perturbação do normal ciclo da vida das células, onde a radiação ultravioleta da luz solar estimula o crescimento exagerado das células da epiderme e origina mutações no ADN que levam ao aparecimento de células anormais. Esta é a causa mais comum desta tipologia de carcinoma.
Carcinoma basocelular
O Carcinoma basocelular pode ter uma apresentação clínica muito variável, seja como um nódulo recente, uma mancha com coloração avermelhada ou até mesmo uma ferida que sangra e não cicatriza e pode surgir em qualquer zona do corpo, sobretudo na cabeça, pescoço e tronco.
Quando não diagnosticado atempadamente, pode tornar-se invasivo em profundidade, destruindo localmente os tecidos. Esta tipologia de carcinoma raramente metastiza para tecidos ou órgãos distantes, sendo assim um tumor maligno mas pouco agressivo, que pode ser removido por cirurgia e que não coloca a vida do paciente em risco.
Carcinoma espinocelular
O Carcinoma espinocelular aparece principalmente em áreas da pele expostas ao sol de forma crónica ou em zonas sujeitas a inflamação crónica (queimaduras, feridas ou cicatrizes). Pode surgir como uma úlcera ou como um nódulo com crosta ou escamas. Estes carcinomas podem não originar sintomatologia, mas eventualmente podem metastizar, colocando em risco a vida do paciente.
Apresentam um maior risco de desenvolver cancro de pele não melanoma os pacientes com diagnóstico prévio de cancro cutâneo, de pele clara e com tendência para desenvolver queimaduras, hábitos de exposição solar prolongada e estados de imunossupressão ou de transplante. Geralmente os carcinomas basocelulares e espinocelulares não são hereditários.
A confirmação de um caso clínico de carcinoma da pele é obtida através do exame histopatológico dos tecidos tumorais. O estudo da lesão é realizado ao microscópio com o material recolhido por biópsia ou pela análise da amostra obtida por excisão cirúrgica.
No entanto, em determinados casos clínicos é necessário o recurso a técnicas complementares para conseguir alcançar o diagnóstico correto. É aqui que a técnica imuno-histoquímica exerce um papel fundamental, juntando duas técnicas diferentes: a histologia e imunologia. A histologia abrange a análise de tecidos do organismo, onde por meio de diversas técnicas de coloração, o Anatomopatologista avalia com o auxílio de um microscópio as características estruturais e celulares da amostra. Neste tipo de análise é possível observar alterações microscópicas no tecido que podem indicar a presença do carcinoma, bem como executar o seu estadiamento. A imunologia tem como princípio base a interação entre antigénios e anticorpos, suportando o estudo imuno-histoquímico, permitindo avaliar in loco determinadas moléculas que estão associadas a diferentes tipos de cancro, de modo a identificá-lo. Durante esta técnica são incorporadas substâncias cromogéneas na reação e gera-se uma ligação antigénio-anticorpo-cromogéneo, que é possível de ser analisada no microscópio. Esta ligação apresentará uma determinada cor, sendo possível identificar de forma específica uma determinada molécula que é característica do carcinoma que está a ser analisado, permitindo a sua correta identificação e classificação, bem como ser de extrema utilidade para a determinação de terapia dirigida.
Um artigo de Germano de Sousa, Médico Especialista em Patologia Clínica.
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