Nádia Blanco é uma jovem empreendedora com 31 anos. Foi militar durante sete anos e durante esse período licenciou-se em gestão, tornou-se formadora certificada e iniciou o processo para ingressar na Ordem dos Contabilistas. Neste momento tudo na sua vida são números, estratégia, impostos e planos negócios.
É contabilista na empresa Escrita Funcional onde presta apoio a empresas e empresários em nome individual na construção, desenvolvimento e manutenção dos seus projetos. Assume a ambição de ser o braço direito de muitos negócios.
Quem é a Nádia Blanco, empreendedora?
Boa pergunta. Nunca tinha pensado na questão dessa forma. Sempre gostei muito de partilhar conteúdos e um dos meus objetivos de vida é poder fazer parte do sucesso de muitos negócios, independentemente da sua dimensão.
Fico imensamente feliz quando conseguimos reestruturar alguns processos em empresas ou transformar trabalhadoras independentes em empresárias seguras e conscientes, sem medo do futuro incerto.
Sou alguém que ouve um não e não desiste. Procuro ter um equilíbrio no que sou enquanto pessoa, profissional e futura mãe de primeira viagem. É importante sermos nós mesmos e lutarmos por aquilo em que acreditamos. Não é possível estar sempre tudo a 100%, mas fazer o que se gosta é meio caminho andado para o sucesso.
Enquanto contabilista acompanha muitos negócios. Quais são os principais desafios que as mulheres empreendedoras enfrentam?
Em primeiro lugar, existem os entraves colocados pela família, bem como a responsabilidade pela “casa” e os filhos. Depois, existe a falta de tempo e o receio relativamente às finanças ou à Segurança Social. A falta de conhecimento sobre estas áreas condiciona muito as decisões de quem quer iniciar um negócio próprio.
Quando já solucionaram minimamente estas questões, as empreendedoras precisam de criar o seu próprio negócio “com pés e cabeça” e é difícil pensar em tanta coisa diferente ao mesmo tempo. Tudo é novo e elas pretendem apenas fazer o que gostam.
Ter um negócio próprio exige muita confiança em si própria em, em muitas situações, a autoestima não acompanha a vontade de ir à luta. Há sempre expressões como "Não faças isso", "Não te metas nisso", "Olha que vai correr mal" que aparecem pelo caminho. Sinceramente, o maior desafio é ter coragem para falhar!
As empreendedoras estão conscientes das suas responsabilidades fiscais ou é frequente ter que remediar situações que poderiam ter sido evitadas?
Na maior parte dos casos a consciência fiscal vem do que leram na Internet ou do que conversaram com uma amiga, uma prima, uma vizinha e esquecem-se que cada caso é um caso.
Ainda há muito a ideia de que se começa um negócio e depois logo se vê, e é verdade. A diferença está em começar já com consciência do que é necessário e preparar a evolução do negócio, a par das responsabilidades fiscais, ou entrar numa aventura em que podem encontrar problemas e coimas em algumas paragens.
Costumo dizer sempre que não é preciso ter uma avença mensal com um contabilista. Uma reunião para esclarecimentos iniciais já faz toda a diferença. Depois é sempre uma questão de procurar ajuda quando for necessária. Na maior parte dos casos, remediar situações sai muito caro, bem mais do que a reunião inicial com um especialista da área.
Tem apostado em dar formação ao nível da elaboração de Planos de Negócios. Porquê o foco neste tema?
Quando temos uma ideia de negócio confiamos na sorte e acreditamos que vai correr bem. Não pensamos a quem vamos vender, porque é que o vamos vender, onde vamos vender ou qual o preço que devemos praticar. Tudo isto são questões aparentemente simples mas que comprometem, e muito, o desenvolvimento de todo e qualquer negócio.
Para quem sabe, eu cheguei a uma empresa que já estava no mercado e éramos vistos como contabilistas “puros”. Eu própria tive formação nesta área para alavancar o meu projeto e, simultaneamente, compreender a melhor forma de apoiar outras pessoas que estivessem na mesma situação.
Sou formada em gestão e já tinha ouvido falar sobre o tema mas na faculdade não nos preparam para ter o nosso próprio negócio nem organizar ideias, que é uma das funções mais simples do plano no de negócios. Por vezes, redigir um documento é fundamental para reduzir a incerteza e principalmente o medo.
5 dicas para a elaboração de um Plano de Negócios:
1. Nunca comecem pelos números porque quando veem os valores negativos e a vermelho podem pensar logo em desistir e tal não tem de acontecer. Por vezes, basta não querer logo ter um espaço físico ou uma vasta equipa de colaboradores;
2. Nunca vejam as coisas pela melhor perspetiva porque se não correr como esperado podem ter tomado decisões que vão condicionar muito o futuro do vosso negócio. Prevejam um cenário intermédio;
3. Sigam um guião para orientar as vossas ideias. Se quiser saber mais clique aqui;
4. Nunca se esqueçam do IVA, do IRS, do IRC e da Segurança Social. No fundo, não se esqueçam de todos os impostos envolvidos num negócio;
5. Mesmo que seja apenas para a “parte das contas”, falem com um especialista da área.
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