“As consultas, provenientes de 87 países, atestam o Dicionário da Língua Portuguesa (DLP) como uma ferramenta fundamental para o conhecimento e difusão da língua portuguesa em todos os continentes. É ainda importante destacar que a ampla adesão e a relevância deste recurso lexicográfico resultam dos valiosos contributos enviados pelo público”, sublinha a Academia das Ciências em comunicado, nomeadamente a equipa do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa (ILLLP).

“A resposta do público ao nosso apelo tem sido notável, refletindo-se não apenas num retorno positivo, mas também profundamente construtivo”, considera Ana Salgado, presidente do ILLLP e investigadora do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa.

O DLP é fruto da revisão e atualização contínua do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, originalmente publicado em dois volumes em 2001, agora em versão digital. Atualmente composto por cerca de 102 mil entradas, apresenta aproximadamente 225 mil definições, classificações gramaticais, sinónimos, informação sobre a origem da maioria das palavras e muitas outras curiosidades.

“O envio de novas entradas e sentidos pelos nossos utilizadores tem sido crucial para a atualização do DLP, refletindo um trabalho colaborativo. Diariamente, registamos palavras novas, como, por exemplo, sovietologia, biocapacidade, transumanismo, tecnofobia, tecnofilia, élfico, dataísmo, israelo-palestiniano, chatbotparkour”, refere Leonor Martins, bolseira do ILLLP e colaboradora do Centro de Linguística da Universidade do Porto (CLUP).

A cura pelos livros. Na vida de Sandra Barão Nobre há um antes e um depois da biblioterapia
A cura pelos livros. Na vida de Sandra Barão Nobre há um antes e um depois da biblioterapia
Ver artigo

Ana Salgado, coordenadora do dicionário, acrescenta que: “Entre as palavras mais pesquisadas, encontramos idadismo, desnazificação, micromachista, ciberassédio, ciberataque, prequela e estagflação. Estes vocábulos não só refletem os avanços e desafios da nossa sociedade, como também são um convite à exploração de novos horizontes”.

Por sua vez, Leonor Reis, também bolseira do ILLLP e colaboradora do Centro de Linguística da Universidade NOVA de Lisboa, destaca: “A prioridade tem sido registar vocábulos que continuam em falta e cuja dicionarização se impõe, mas há também espaço para o registo de regionalismos, como abaladiça, abelhinha, chancas, corisca, estorrina, farfalhos, jacó, marafado, requitó, tratuário, entre muitos outros”. As duas bolseiras do ILLLP dedicam-se não apenas ao trabalho lexicográfico stricto sensu, mas também à divulgação dos conteúdos por meio das redes sociais, procurando divulgar o recurso e responder a potenciais dúvidas dos utilizadores.

“Embora o retorno seja bastante encorajador, é importante salientar que continuamos a enfrentar desafios significativos na obtenção de financiamento para sustentar o desenvolvimento contínuo deste valioso projeto”, remata Ana Salgado, presidente do ILLLP.

Imagem de abertura do artigo cedida por Freepik.