Há 111 anos que se celebra internacionalmente o Dia da Mulher. Porquê? Porque sentiu-se a necessidade de criar um dia para celebrar a contribuição das mulheres para a sociedade e que, na maioria das vezes, passa despercebida.

O mundo em que vivemos hoje é o reflexo, em várias áreas, de mulheres sonhadoras, inspiradoras, persistentes, lutadoras…

Nomes como Marie Curie, Jane Austen, Rosa Parks, Madre Teresa, Oprah Winfrey, Margaret Thatcher, JK Rowling, Princesa Diana, Sarah Breedlove… Nomes que representam várias áreas, desde a ciência à literatura, passando pelo desporto, entretenimento, espiritualidade… A lista é longa e poderíamos acrescentar várias páginas a este artigo mas, julgo que a mensagem já está passada.

A grande verdade é que existem várias mulheres que tiveram o direito ao reconhecimento público mas, em pleno século XXI ainda vivemos numa sociedade que continua a descriminar o género. A luta pela igualdade de direitos, de educação e principalmente de escolha continua a existir.

A realidade é que, em todos os países do mundo, as mulheres continuam a ser alvo de injustiça, desde a violência à falta de oportunidades, apenas por serem mulheres! Vamos aos factos:

- Uma em três mulheres serão agredidas ou abusadas sexualmente durante a sua vida;

- Mais de 200 milhões de mulheres foram sujeitas a mutilação genital feminina;

- Mais de 250 milhões de mulheres que ainda estão vivas hoje, casaram-se antes dos 15 anos de idade;

- Menos de 40% de países no mundo providenciam o mesmo grau de educação a rapazes e raparigas;

- As mulheres continuam a ter salários inferiores aos homens para cargos semelhantes.

Assim sendo, é importante, essencial e obrigatório que continuemos a celebrar a Mulher em todas as oportunidades que tivermos, e não apenas no dia Internacional das Mulheres. É importante, essencial e obrigatório que, desde cedo, eduquemos aos nossos filhos “rapazes” que as “meninas” têm os mesmos direitos.

Na minha opinião, a igualdade de género só pode ser erradicada com a educação “precoce”. Devemos prestar atenção às diferenças que culturalmente criamos entre rapazes e raparigas nos seus anos formativos. E porquê? Porque as crianças de hoje serão os adultos de amanhã. Se as crianças de hoje crescerem com a ideia de igualdade, mais tarde teremos leis e uma sociedade que reflete a igualdade. A grande mudança está no berço da sociedade.

Como podemos influenciar o berço da sociedade? Cinco dicas práticas:

1. Atenção às Micro Mensagens

“Cor-de-rosa” para as raparigas, “azul” para os rapazes… “Cozinhas” de brincar para raparigas, “Armazéns de ferramentas” de brincar para rapazes… A realidade é que iniciamos a diferenciação logo desde o berço. Devemos ter atenção às mensagens que passamos às nossas crianças. Os estereótipos iniciam-se desde cedo. Histórias infantis em que a rapariga espera pelo príncipe para a salvar… A escolha dos brinquedos, das roupas e do que lemos para as nossas crianças deve ser consciente e passar uma mensagem de igualdade.

2. Dar o Exemplo

O que fazemos dentro do nosso lar é da máxima importância. Se as nossas crianças vêm apenas a mãe a limpar, a arrumar e a cozinhar qual é a mensagem que vamos passar? A distribuição de tarefas em casa deve ser consciente. Outra coisa que devemos fazer de forma consciente é ensinar tanto os rapazes como as raparigas a cozinhar, limpar, passar a ferro, mudar lâmpadas… Ou seja, não há tarefas baseadas em género!!!

3. Descrever o Comportamento e o Caráter de forma “Assexual”

Os homens não choram… Os rapazes são fortes… As meninas são doces e bem comportadas… Acho que não preciso continuar. Devemos garantir que passamos a informação de que, tanto os rapazes como as raparigas são capazes de ter todas as características e sentir as mesmas emoções. As meninas choram e os rapazes também… Os rapazes são fortes e as meninas também… Faz sentido, não faz?

4. Desfazer Crenças

Prestar atenção ao que os nossos filhos vêm e ouvem e quebrar todas as crenças de género que eles possam estar a construir. Infelizmente, existem muitos filmes, comentários, anúncios e livros sexistas, devemos não só filtrar essa informação, como também explicar o motivo do erro dessas crenças.

5. Corrigir Comentários “Sexistas”

Estar atentos ao que os nossos filhos fazem e dizem é da máxima importância. Assim que identificarmos um comentário que não defenda a igualdade de género, devemos imediatamente corrigir. Como se diz: cortar o mal pela raiz.

Gostaria de viver o dia em que o Dia Internacional da Mulher fizesse parte da história. Gostaria de viver o dia em que os adultos de amanhã não compreendam a necessidade de um dia destes. O mundo precisa de igualdade. O que parece contraditório é que, a igualdade começa quando aceitamos as nossas diferenças e percebemos que somos todos cidadãos do mundo, com os mesmos direitos.

A igualdade começa quando percebemos e aceitamos que homens e mulheres têm direito à sua opinião, às suas escolhas, à sua sexualidade, à sua cultura, à sua espiritualidade, à sua educação.

Até este dia chegar, iremos sempre celebrar o 8 de março, Dia Internacional da Mulher! Parabéns a todas as Mulheres!

Texto: Adelaide Miranda - Instagram | @adelaide_miranda