O parisiense Museu d'Orsay, templo da pintura impressionista, apresenta a partir desta terça-feira a exposição de 70 quadros de Manet, Monet, Renoir, Degas e Caillebote, entre outros, acompanhada de 40 vestidos utilizados por mulheres durante a época em que floresceu este movimento artístico, na segunda metade do século XIX.

A exposição "O impressionismo e a moda", aberta até 20 de janeiro de 2013, é organizada conjuntamente pelo Museu d'Orsay, Metropolitan Museum of Art de Nova York e pelo Art Institute de Chicago.

"Os impressionistas, apaixonados pela modernidade, interessam-se por moda, fenómeno que estava nessa época em pleno auge, com o desenvolvimento das revistas especializadas e das grandes lojas", diz Gloria Groom, curadora da exposição.

"Ao estudar os seus grandes retratos de mulheres, apercebi-me de que pintavam roupas contemporâneas que podiam ser encontradas nos desenhos de moda", explica Groom, do Art Institute de Chicago.

A partir daí veio a ideia de utilizar o acervo do museu Galliera, vestidos que se aproximavam desses desenhos, fazendo reviver as silhuetas de quem os usava.

Os impressionistas faziam posar as mulheres que os rodeavam, mas os verdadeiros heróis dos quadros eram os vestidos, na forma como captavam a luz e os seus reflexos. Os pintores desse movimento eram especialistas em reproduzir a transparência da luz.

No quadro "Mulher com papagaio" (1866), de Manet, a camisola rosa pálido de Victorine Meurent, modelo do pintor, provocou muitos comentários ao ser apresentada no salão de 1868. "Um rosado falso e raro", segundo o escritor Théophile Gautier, uma roupa "suave" para Emile Zola.

Manet conhecia bem a moda. A sua "parisiense" veste uma roupa preta com anquinhas, ajustada na cintura e adornada com um chapéu alto. Ela arrasta a cauda do vestido com segurança, deixando entrever as suas botas.

Os impressionistas interessam-se "pela mulher em movimento", diz Groom. Nos anos de 1870, as crinoligas, peças usadas para armar os vestidos, eram rebaixadas na frente, enquanto na parte traseira eram aumentadas com almofadas. É o triunfo da silhueta em S, que se aprecia de perfil. O corpete ainda está lá para dar uma "cinturinha de vespa" às mais elegantes.

Albert Bartholomé pinta, em "Invernar", a sua esposa vestida com um traje de verão de algodão branco estampado com círculos e detalhes lilás. A roupa da senhora Bartholomé, exposta ao lado da tela na exposição, ostenta uma cintura de 32 centímetros.

A cor preta já estava na moda. No grande quadro "Senhora Charpentier e os seus filhos", de Renoir, a esposa do célebre editor usa um traje amplo de muita elegância.

Com "Naná", Manet explora o que está por baixo. O corpete de cetim azul-céu da atriz que serviu de modelo, as anáguas, o salto alto, exibidos sob a atenção de um homem vestido, ofenderam a moral da época: o quadro foi retirado no salão de 1877.

Os trajes brancos florescem nos quadros ao ar livre. Para "Mulheres no Jardim" (1866), de Claude Monet, a companheira do pintor, Camille, veste quatro roupas diferentes para encarnar quatro mulheres em diversas poses.

AFP

Imagem: Quadro "Mulher com papagaio", de Manet

25 de setembro de 2012