A diferença de salários é a principal causa da desigualdade entre géneros na Europa. A violência contra mulheres e a crescente dificuldade em conciliar a vida privada com a vida familiar, são outros dos aspetos mais apontados pelos europeus no último Eurobarómetro sobre "As mulheres e as desigualdades de género no contexto da crise".
No âmbito do Dia Internacional da Mulher, e pensando já nas próximas eleições europeias em 2014, o Parlamento Europeu quis responder à questão colocada por muitos: quais são os principais fatores que levam ao aumento das desigualdades entre homens e mulheres num contexto de crise?
Quase um terço dos europeus, e principalmente as mulheres com mais de 55 anos, acredita que a crise elevou o fosso salarial entre géneros e, para 44% das inquiridas entre os 25 os 39 anos, os tempos de austeridade dificultaram ainda mais a conciliação da vida privada com a vida profissional.
O estudo concluiu ainda que há uma ligação estreita entre a crise e o aumento das diferentes formas de violência contra mulheres, quer seja na vida profissional ou a nível privado. Em termos de emprego, 46% dos cidadãos europeus indicou que a crise tem vindo a atrasar cada vez mais a entrada dos jovens no mundo do trabalho e 42% afirmou que levou ao aumenta do trabalho precário.
O Eurobarómetro revelou ainda que 37% dos europeus acredita que hoje em dia há cada vez mais pessoas a trabalhar numa área que não corresponde ao seu nível de qualificação. 66% dos europeus inquiridos neste estudo considera que o emprego e o combate ao desemprego, especialmente o desemprego jovem, deveriam ser as grandes prioridades dos governos.
Voltando aos temas da desigualdade entre géneros, nomeadamente os critérios no momento do recrutamento de emprego, os resultados surpreenderam. Enquanto que para as mulheres europeias os fatores mais importantes para a entidade empregadora no momento de escolher um funcionário são a existência de filhos (49%), a flexibilidade de horário (35%) e o aspeto físico (33%), para os homens os critérios mais importantes são a experiência profissional (40%), o nível de qualificações (38%) e a disponibilidade para viajar (31%). No entanto, de um modo geral, quase metade dos inquiridos afirma que a existência de filhos pode condicionar a entrada da mulher no mundo do trabalho.
De modo a combater estas desigualdades no mercado laboral, os europeus indicaram que o mais importante é promover uma formação profissional contínua. Contudo, 45% dos inquiridos referiu que para garantir a continuidade das mulheres no emprego é necessário apostar em preços atrativos nos serviços de cuidados de crianças e 44% achou fundamental aumentar o número de creches. Em termos de faixas etárias e géneros, foram as jovens mães, entre os 25 e os 39 anos, as mais interessadas nos aspetos relacionados com cuidados de crianças.
O inquérito foi realizado por entrevista telefónica a 25.556 cidadãos europeus dos 27 estados-membro, entre os dias 4 e 7 de fevereiro.
Comentários