Chama-se Estrela mas a fadista Amália Rodrigues referia-se à pregadeira de prata em forma de estrela cravada de brilhantes que a acompanhava para praticamente todo o lado como «a minha estrelinha».
Raramente a largava. Uma vez, perdeu-a em Paris e fez toda a sua equipa andar na rua, à noite, até a encontrarem, o que aconteceria algumas horas depois.
Descobriram-na suspensa na grelha de uma sarjeta. Brilhava imenso. A Estrela é uma das réplicas que integram a coleção de ourivesaria que a empresa Ouronor e a Fundação Amália Rodrigues acabam de lançar. Além de peças icónicas celebrizadas pela fadista, a linha de joalharia, que se chama «Amália», disponível em www.amaliajoias.com, inclui peças originais em prata inspiradas em Lisboa, no fado e no percurso da intérprete de êxitos como «Medo», «Nome de rua», «Fado português» e «Estranha forma de vida».
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«Amália tinha joias lindíssimas e eu acho que esta coleção é muito bonita. As réplicas são fantásticas. Quero ver se consigo comprar algumas», confessou mesmo a cantora e fadista Alexandra na cerimónia de apresentação pública da coleção, que decorreu no final de setembro de 2012, em Lisboa. «São joias que me dizem muito. Habituei-me a vê-las nas fotografias da Amália», revela também Ana Moura, a fadista escolhida para embaixadora da linha de joalharia.
«É de louvar esta iniciativa. É uma ideia maravilhosa que permite manter vivo o legado que Amália nos deixou», acrescenta ainda Vanessa, a cantora que interpreta a fadista na peça «Uma noite em casa de Amália», em cena no Teatro Politeama, em Lisboa. Os elogios à coleção são comuns e a peça que mais seduziu estas cantoras e fadistas também. «A minha preferida é a Estrela», assume Ana Moura. «Essa é a minha paixão», desabafa também Alexandra.
«A Amália usava-a ao peito, na cintura e até no braço», afirma a cantora, que já interpretou a fadista num musical encanado por Filipe La Féria. «Nós usamo-la na peça», acrescenta Vanessa, que também gostou muito de um coração de filigrama que integra a linha de joalharia. Pelas pesquisas sobre a vida da intérprete de «Gaivota» que já tiveram de fazer por questões profissionais, tanto Alexandra como Vanessa e Ana Moura admitem que a diva do fado seria uma mulher vaidosa.
«Era uma mulher que tinha imenso cuidado com a imagem. Aliás, foi uma vanguardista nesse sentido, porque vestia sempre trajes glamorosos», considera Ana Moura. «Era uma mulher simples que veio do povo e que o assumia mas adorava joias e tinha muita bijutaria. Não era alta mas podia pôr qualquer coisa porque aguentava tudo. Era uma mulher fantástica, muito inteligente e de muito bom gosto», refere Alexandra.
E quem seria mais vaidosa? Amália, Alexandra, Ana Moura ou Vanessa? «Eu também me preocupo com a imagem mas deve andar ela por ela», admite Ana Moura, entre risos. «A Amália, provavelmente, não sei...», responde Vanessa. «Também não gosto de sair à rua se não estiver arranjada, nem que seja para ir comprar pão», acrescenta ainda a cantora.
«Não sei quem seria mais vaidosa, se ela, se eu, porque privei com ela mas não posso dizer que a conheci bem. Mas eu também tenho a minha vaidade», assume Alexandra. «Também gosto de pôr coisas em cima, aneis, pulseiras... Não sou demasiado vaidosa. Gosto de me arranjar e de estar bem mas sou equilibrada nesse aspeto», afiança, no entanto, a intérprete de «Zé brasileiro».
Texto: Luis Batista Gonçalves
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