O estudo "Sexualidade, depressão e ansiedade em doentes reumatológicos", realizado pelo Instituto Português de Reumatologia (IPR), revela que 54,5 por cento das mulheres com vida sexual activa considera que a sua doença limita bastante a sexualidade.

O estudo teve início em Setembro com 50 doentes do sexo feminino internadas no IPR, onde a idade média das participantes é de 58,7 anos, sendo a maioria casada (60 por cento) e onde 44 por cento tem vida sexual activa. O objectivo é terminar o estudo com, pelo menos, 300 doentes.

Contudo, os resultados preliminares do estudo dão conta de que há dois grandes grupos que dividem os resultados. Enquanto que 30,4 por cento refere que a sexualidade é “Pouco Importante”, outra maioria de 30,4 por cento refere que a sexualidade é “Muito Importante”. Verificou-se que, quanto mais alto o nível de satisfação sexual e de auto-estima, mais baixos eram os níveis de depressão e de ansiedade. Assim, foram encontradas correlações negativas significativas entre os níveis de ansiedade e depressão e os níveis de satisfação sexual.

Relativamente à satisfação com o relacionamento geral, não existe correlação estatisticamente significativa com os níveis de depressão e de ansiedade, refere o estudo. Os níveis de ansiedade revelaram também diferenças significativas dependendo do estado civil das mulheres. As pessoas casadas revelaram níveis de ansiedade mais elevados do que as pessoas que não são casadas.

«Se por um lado o cônjuge pode dar apoio à doente, pode também exigir mais, por não entender completamente o impacto que as doenças reumáticas podem ter na vida de um doente e, por isso, dar origem a maiores níveis de ansiedade», explica Luís Cunha Miranda, director clínico adjunto do IPR e um dos autores do estudo.

Não foram encontradas diferenças significativas nos níveis de ansiedade e depressão entre as pessoas com e sem vida sexual activa.

«A sexualidade não é valorizada em termos práticos e muito menos na doença reumática. Por outro lado, a dor e a incapacidade inviabilizam muito os afectos e a disponibilidade que existe para uma relação mais global e completa num relacionamento que inclua uma sexualidade activa», explica o responsável.

Recorde-se que as doenças reumáticas são doenças e alterações funcionais do sistema músculo-esquelético de causa não traumática. Podem ser agudas, recorrentes ou crónicas e atingem pessoas de todas as idades. As mulheres são quem mais sofre com as doenças reumáticas. Os tratamentos apresentam terapêuticas diversificadas e, frequentemente, visam reduzir a dor e a incapacidade e melhorar o bem-estar e a qualidade de vida do doente.

Fonte: Instituto Português de Reumatologia

SSD

27 de Dezembro de 2007