Há filmes que, para além de puro entretenimento e espectáculo de efeitos especiais, são bons veículos de informação, especialmente quando sabemos pouco sobre o assunto que tratam.

Como a saúde não é excepção, desta vez sugerimos-lhe quatro filmes que quebram mitos e nos mostram o outro lado de quatro doenças.

São histórias que mostram a capacidade de luta de pessoas que são confrontadas com os obstáculos de uma doença. Retratos da vida real que a vão fazer pensar.

A FORÇA DO AMOR

Sam Dawson (interpretado por Sean Penn) é um homem com uma deficiência mental que, graças ao apoio de um círculo de amigos incansáveis, consegue cuidar da filha Lucy e educá-la, apesar de todas as suas limitações. Os problemas começam quando, a partir dos sete anos, Lucy ultrapassa intelectualmente o seu pai e os Serviços Sociais decidem que a única solução será retirar a Sam a custódia paternal. Devastados com a situação, Sam e Lucy terão de recorrer a uma advogada (Michelle Pfeiffer) na tentativa de permanecerem juntos.

O que nos diz o filme

O espectador é confrontado com a capacidade de luta de pessoas que sofrem de deficiência mental e alertado para a enorme sensibilidade e lucidez que podem possuir.

Transportada para a realidade, a situação retratada no filme seria algo diferente pois, devido à falta de facilidades e oportunidades com que se deparam estes indivíduos, os obstáculos seriam ainda mais difíceis (senão impossíveis) de transpor. Mas o visionamento de «A Força do Amor» confronta-nos com questões pertinentes.

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UMA MENTE BRILHANTE

O filme que retrata a vida do matemático John Forbes Nash Jr., personagem interpretada por Russel Crowe.

Apesar de toda a genialidade intelectual e brilhantismo académico, o matemático quase viu a sua carreira terminar devido à esquizofrenia, que o perseguiu durante anos e, devido à qual foi hospitalizado várias vezes.

A doença tomou conta da mente de Nash Jr., forçando-o a uma perseverança e força de vontade incalculáveis, de forma a tentar viver uma vida normal.

A consagração de tão dura luta surgiu a John Forbes Nash Jr. sob a forma de um Prémio Nobel de Economia.

O terror da esquizofrenia

Envolta em mitos, apesar de toda a investigação que tem vindo a ser feita por muitos cientistas em todo mundo, esta doença de foro mental, grave e crónica, afecta um por cento da população mundial (em Portugal serão cerca de 100 mil indivíduos).

Extremamente debilitante, a doença revela-se através de sintomas mentais psicóticos como alucinações e delírios (chegam a ouvir vozes), que resultam num estado de constante ansiedade, confusão e medo. Estatisticamente, e segundo o site www.saude-mental.net, dirigido pelo Prof. Doutor J. Marques Teixeira, apenas um em cada cinco doentes recupera completamente.

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FLORES DE AÇO

A actriz norte-americana, mãe de gémeos, Julia Roberts interpreta Shelby, uma jovem mulher que sofre de diabetes de tipo 1 e decide avançar com uma gravidez contra a vontade de quase todos os que a rodeiam, principalmente da mãe.

O drama assenta num elenco feminino excepcional e elucida o espectador sobre os problemas desta doença.

Diabetes na gravidez

É frequente que, durante a gravidez, a mulher desenvolva um caso de diabetes gestacional. Contudo, no filme, Shelby já é diabética e insulinodependente antes de engravidar.

Durante várias décadas, as mulheres com este tipo de diabetes eram desencorajadas a engravidar. Felizmente, com os avanços médico-científicos, é possível controlar os índices glicémicos das grávidas e, para que os riscos sejam diminuídos ao mínimo, exige-se um acompanhamento constante e apertado.

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O HOMEM-ELEFANTE

Em 1980, David Lynch realizou O Homem-Elefante, filme baseado na biografia de Joseph Merrick, um inglês do século XIX que, graças a graves deformações ísicas, percorreu muitas cidades como cabeça de cartaz de espectáculos de aberrações humanas.

Durante anos, acreditou-se que Merrick possuía um crânio imenso e deformado e um corpo altamente defeituoso devido a elephantiasis.

Mais tarde, na década de 1970, o diagnóstico passou a neurofibromatose, até que, em 1979, se postulou que Merrick tinha sido vítima do Síndroma de Proteu.

Síndroma de Proteu

É uma doença extremamente rara e congénita, por vezes confundida com neurofibromatose. Deve o nome ao deus grego Proteus, que mudava de forma para escapar da captura. O seu diagnóstico assenta em critérios como o desenvolvimento atípico dos tecidos moles e ósseo em qualquer parte do corpo.

A doença ataca também a nível visceral, resultando em malformações ao nível dos órgãos internos. Um crânio de tamanho exagerado ou assimétrico, tumores subcutâneos e gigantismo parcial das mãos e/ou dos pés são algumas características da doença. Não se conhece cura, mas existem tratamentos que podem ajudar à qualidade de vida destas pessoas.