- A sério, Ana! Sabes a quantidade de vezes que já me aconteceu ir na rua, na conversa com algum dos seres do teu género ( ou deverei dizer espécie?) e olho para o lado só para perceber que estou a falar sozinho porque ela já foi “sugada” por uma loja?? – Quando diz isto está sempre entre o estado divertido e um amuo pincelado de incredulidade.
E eu encolho os ombros a sorrir. Não tenho defesa possível. Bem podia esgrimir o tema, tentando proteger o meu género ( ou devei dizer espécie?) com argumentos que nem a mim me convenceriam, mas não vale a pena. Concordo e dou a mão à palmatória.
- É que quando uma pessoa já vai mentalizada para umas horas nas compras, ainda se aguenta… mas somos constantemente apanhados desprevenidos! Não há nada a fazer! - Torna ele.
E nem vale a pena explicar-lhe que as lojas cheiram bem e são um agrado aos nossos olhos e demais sentidos. Quando uma mulher entra numa loja, ou melhor, é “aspirada” lá para dentro, entra num mundo perfeito em que todas as coisas que nos ocupam a mente são filtradas à porta e ficam de fora, na rua, entregues aos elementos. Quando uma mulher se vê no reduto sintetizado da perfeição, com todas as cores, formas e brilhos, perde-se da existência banal e sintoniza-se numa frequência quase poética.
As lojas, para as mulheres, são quase como um bom romance. Lançam-nos num universo de beleza sedutora na qual voamos para longe, para hipotéticas festas perfeitas em que, como deusas do Olimpo, poderiamos envergar aqueles fabulosos vestidos e encantadores acessórios.
Posso calar-me quando o meu amigo diz que as lojas são aspiradores de mulheres, mas falo agora, para vos dizer que concordo e que… ainda bem que assim é porque, afinal, merecemos ou não que algo nos salve de todo o esforço que constantemente fazemos para o bem estar de todos ao nosso redor?
E vocês, mulheres que estão a ler esta crónica, digam lá se não deveríamos todas dar graças por essa força indecifrável mas poderosa, qua constantemente nos suga?
Ana Amorim Dias
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