Num estudo desenvolvido pelas organizações “European Environmental Bureau” (EEB na sigla original) e “Friends of the Earth Europe” estima-se que, comparando com os números de 2017, o crescimento do consumo de metais e minerais não metais seja de 63% e 42,7%, respetivamente, na UE em 2060.
A EEB é uma confederação europeia das organizações não-governamentais de ambiente, que junta mais de 160 organizações, uma delas a portuguesa Zero, que divulgou hoje o estudo, de acordo com o qual a UE está “a promover a extração e o consumo de recursos de forma perigosa tendo em conta os recursos limitados do mundo, com graves consequências”.
“Existem hoje enormes diferenças no consumo entre as populações, e desigualdades na distribuição e acesso aos recursos. Os 1,2 mil milhões de pessoas mais pobres representam apenas 1% do consumo mundial, enquanto que os mil milhões de pessoas mais ricas representam 72%”, salientam as organizações, acrescentando que a UE “continua hoje a extrair e explorar recursos e mão-de-obra dos países e regiões mais pobres, e tem vindo a consumir mais do que a sua quota-parte, para além dos limites ecológicos”.
Na área dos materiais (combustíveis fósseis, biomassa, metais e minerais não metálicos) a pegada da UE é “bem acima” da média global e “cerca do dobro do que é considerado um limite sustentável e justo”, avisam as organizações ambientalistas.
E alertam que a mineração está em “franca expansão”, que há uma “corrida desenfreada aos recursos do subsolo”, e que o Pacto Ecológico Europeu não está nesta área a ter efeitos.
“Por exemplo, prevê-se que as baterias, principalmente para veículos elétricos, aumentem a procura de lítio na UE em quase 6000% até 2050. Esta procura conduzirá inevitavelmente à escassez, conflitos e uma exploração mineira destrutiva, assemelhando-se muito aos danos sociais e ambientais decorrentes da exploração de combustíveis fósseis”, indica o estudo.
Os ambientalistas dizem que a mineração tem sempre impactos, sejam ambientais sejam sociais, e a Zero salienta que Portugal é um dos casos de estudo do documento, com o projeto de exploração de lítio em Covas do Barroso.
No estudo as organizações deixam recomendações à política europeia, como estabelecer planos para reduzir o consumo de recursos, incluindo uma meta vinculativa de redução em 65% da pegada dos materiais da UE até 2050.
E recomendam também que se definam áreas interditas à exploração da indústria extrativa, e que se responsabilizem as empresas por más práticas, na UE e fora dela.
“São mortos mais ativistas por se oporem à exploração mineira do que por se oporem a qualquer outra indústria. 50 dos 212 ativistas mortos em todo o mundo em 2019 estavam a fazer campanha contra projetos mineiros”, diz-se também no comunicado.
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