No relatório anual de referência do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), publicado antes da cimeira mundial do clima (COP26) que decorre em Glasgow, Reino Unido, até dia 12, alertava-se para um aquecimento “catastrófico” de 2,7ºC (graus celsius), ou de 2,2ºC tendo em conta os objetivos de neutralidade carbónica anunciados para 2050.
Segundo a estimativa hoje divulgada na COP26, não há praticamente nenhuma diferença nos números, ainda que 33 novos países se tivessem comprometido com novas metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa, incluindo o Brasil a Argentina e sobretudo a Índia (que reforçou as metas de redução de emissões em 2030 e anunciou a neutralidade carbónica em 2070).
Os atuais compromissos de 152 países, que representam 88% das emissões globais de gases com efeito de estufa, reduziriam as emissões em 4,8 gigatoneladas adicionais de equivalente de dióxido de carbono (CO2) até 2030, em comparação com 0,7 gigatoneladas na estimativa anterior. A melhoria está nomeadamente ligada aos novos objetivos para 2030 da Arábia Saudita e da China, de acordo com o PNUA.
Em termos de trajetória de temperatura, o mundo estaria ainda a caminhar para os 2,7°C até 2100, muito longe dos objetivos do Acordo de Paris de limitar o aquecimento a temperaturas abaixo de 02°C, se possível a 1,5°C em comparação com a era pré-industrial.
De acordo com a ONU, juntando as novas promessas de neutralidade carbónica, o aumento da temperatura pode ser limitado a 2,1ºC, apenas menos 0,1 ºC do que a estimativa anterior.
Mas “dada a falta de transparência dos compromissos de neutralidade de carbono, a ausência de um mecanismo de responsabilização e de um sistema de verificação, e o facto de muito poucos dos compromissos de 2030 colocarem claramente os países no caminho da neutralidade de carbono, a realização destes objetivos de neutralidade de carbono permanece incerta”, segundo o organismo da ONU.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU.
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