“Essa guerra da informação não é fácil. Nós temos problemas porque o Brasil é uma potência no agronegócio. A Europa é uma seita ambiental. Eles [europeus] não preservaram nada do seu meio ambiente, praticamente nada, quase não se ouve falar em reflorestamento na região, mas o tempo todo atiram em cima de nós [Brasil] de forma injusta porque é uma briga comercial’, afirmou Jair Bolsonaro.

“No passado havia um interesse enorme pela região amazónica e, hoje em dia, há interesse em todo o Brasil. Nós somos bombardeados 24 horas por dia (..) grande parte dos ‘medias’ aproveitam o momento para criticar o Governo, como se em governos anteriores estivesse uma maravilha a área de preservação ambiental no Brasil”, acrescentou.

Bolsonaro também afirmou que os jornalistas estrangeiros que publicam críticas contra seu Governo são influenciados por pessoas mal intencionadas e pelos ‘medias’ locais.

“Tem gente com meios, influente junto a uma parte dos ‘medias’ pregando desinformação. É pregado aqui, a imprensa lá fora [do exterior] toma conhecimento e publica. Daí esta mesma imprensa [do Brasil] pega a matéria publicada lá fora como se fosse uma descoberta da Europa e republica aqui dentro. Fica atacando o Governo”, acusou.

Para justificar o aumento das queimadas na Amazónia, registadas em vários meses deste ano, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro, o chefe de Estado afirmou que os incêndios acontecem em áreas já desflorestadas onde, segundo ele, os agricultores usam o fogo para limpar o terreno e depois plantar.

Bolsonaro disse que os indígenas e os moradores da Amazónia são os responsáveis por colocar fogo nas terras da região, sem apresentar evidências.

Sobre as propostas do Governo para sanar a destruição dos biomas do país, Bolsonaro lembrou a medida provisória 910, que tinha assinado para legalizar a posse fundiária em áreas da Amazónia. Especialistas e defensores do meio ambiente criticaram a medida vista como um prémio para desflorestadores que invadem ilegalmente e tomam posse de terras públicas.

O texto da medida provisória não foi votado no Congresso brasileiro e, portanto, perdeu a validade. Agora, os parlamentares brasileiros preparam-se para debater um outro projeto sobre o tema, quando o Governo já anunciou que poderá dar estas terras a quem se autodeclarar proprietário num cadastro fundiário.

O Presidente do Brasil também respondeu a perguntas enviadas por jornalistas conservadores conhecidos por defender o Governo.

Questionado sobre o ministro do Meio Ambiente, Bolsonaro disse que Ricardo Salles tem a sua confiança e deve ficar no cargo.

Salles foi muito criticado dentro e fora do país, na sequência da divulgação de uma gravação feita durante uma reunião ministerial sobre ações de combate ao novo coronavírus, e na qual afirmava que o Governo braisleiro devia aproveitar a pandemia e a distração dos ‘medias’ para aprovar normas infralegais e assim desregulamentar a preservação ambiental do país.