Nas Estatísticas do Ambiente 2018, hoje publicadas, o INE indica que 2018 foi "normal para a temperatura e para a precipitação", representando o segundo ano mais frio e o quarto com mais chuva por comparação com a década anterior e com mais dias de qualidade de ar "bom" graças a diminuições de mais de 10% nas concentrações de partículas inaláveis em relação a 2017.
A despesa em ambiente representou 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB), um aumento de 1% em relação ao ano anterior, e a despesa do Estado em atividades de proteção ambiental aumentou 12,2% em 2018 para 1.191 milhões de euros, com a gestão de resíduos a representar a fatia maior, com 435 milhões de euros, seguida da proteção da biodiversidade e paisagem, em que se gastaram 392 milhões de euros.
Do lado da receita, o Estado arrecadou 5,3 mil milhões de euros em impostos com relevância ambiental, mais 4,3% do que em 2017, mas o imposto sobre produtos petrolíferos e energéticos perdeu relevância no conjunto, passando de 69,2% para 67,3%.
Outros impostos sobre a energia, que incluem as licenças de emissão de gases com efeito de estufa, mais do que duplicaram, aumentando 111,2%.
Os números das emissões de gases com efeito estufa referem-se a 2017, ano em que Portugal emitiu mais 7% de gases com efeito estufa, equivalente a 79.737 quilotoneladas equivalentes de carbono, principalmente do setor energético, responsável por 72,6% das emissões.
O consumo de energia primária diminuiu 2,8% em relação a 2017, ficando nas 22.476 quilotoneladas equivalentes de petróleo, 51,45 das quais provenientes de fontes renováveis, um aumento de 26% em relação ao ano anterior.
Gastou-se menos carvão e gás natural para produzir energia e as fontes de energia renováveis aumentaram 3,2 pontos percentuais em 2018, para 23,9%.
Nos aspetos negativos, o INE destaca que há mais carros a circular em Portugal, mas mais velhos. O parque automóvel a circular em Portugal aumentou 4% em 2018 em relação ao ano anterior, o equivalente a mais 258 mil carros, mas está com uma idade média de 13 anos nos ligeiros (12,7 anos em 2017) e de 13,7 anos nos pesados de passageiros (13,4 anos em 2017).
Os carros a gasóleo são a maioria, representando 65% do total, mas diminuiu a proporção em relação a carros com outras fontes de energia. Em 2018, por cada automóvel a gás ou elétrico a circular nas estradas portuguesas havia 37,8 a gasóleo (45,6 no ano anterior) e 19,3 a gasolina (23,8 em 2017).
Durante 2018 foram recolhidos 5,2 milhões de toneladas de resíduos urbanos, mais 4,2% que no ano anterior, o equivalente a 507 quilos por cada habitante (mais 21 quilos do que em 2017) e o INE destaca pela negativa o aumento da quantidade de resíduos urbanos biodegradáveis que foi para aterro, atingindo-se 46% do total, mais três pontos percentuais que em 2017.
Isso faz com que em 2018 se tenha "acentuado a divergência com o objetivo" de chegar a 2020 com apenas 35% da quantidade total, em peso dos resíduos urbanos biodegradáveis produzidos em 1995.
A quantidade de resíduos preparados para reutilização e reciclagem aumentou dois pontos percentuais em 2018, fixando-se em 40% do total, embora ainda a dez pontos da meta de 50% apontada no Compromisso para o Crescimento Verde.
Num ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 2,4% e o consumo privado 3,1%, o consumo interno de materiais aumentou mais que a variação do PIB: por cada quilo de materiais consumidos, produziu-se 1,1 euro, menos 1% que em 2017.
Por cada milhar de euros do PIB foram gerados 54 quilos de resíduos setoriais e mais de 90% dos resíduos perigosos produzidos em Portugal (53,9 mil toneladas) foram enviados para Espanha.
Em 2018 aumentou também, para 554, o número de zonas balneares com qualidade "excelente", que em 2017 tinham sido 529.
A área ardida em 2018 chegou aos 44,6 mil hectares, menos 495,3 mil hectares do que os 539,9 mil hectares em 2017, ano dos grandes incêndios no centro do país que fizeram mais de 100 mortos. No ano de 2018 registaram-se 12.273 ocorrências, menos 8.733 que no ano anterior, nota o INE, que destaca os "reforços dos patrulhamentos [mais 45,6%] e mais horas despendidas [36,3%] com a prevenção de fogos florestais".
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