Os créditos não são todos iguais
De forma geral, quando pedimos um crédito estamos a querer antecipar uma necessidade do futuro para o presente. Recorremos a quem tem esse dinheiro (o credor) e pagamos um preço por isso (a taxa de juro). Conforme o risco desta operação a taxa de juro será maior ou menor. Fazer um crédito para aquisição de uma casa não tem o mesmo custo que fazer um crédito para comprar um carro. O valor das garantias é diferente e isso reflete-se nas condições do crédito.
Um crédito sem garantias será sempre mais caro
Se tivemos acesso a um crédito sem ter de prestar garantias, estamos diante de um crédito mais caro. Esta situação é evidente, por exemplo, nos cartões de crédito. Já reparou que o banco não tem garantia que um cliente possa utilizar um cartão de crédito estando desempregado? Ou mesmo sem falar dos cartões de crédito, se pensarmos num crédito pessoal, também o banco está a correr um grande risco, pois este é feito sem finalidade específica. Nada impede esse cliente de pegar no dinheiro financiado e comprar uma viagem para o Brasil sem nunca mais aparecer! Claro que teria sérios problemas com a justiça, mas o credor não se livra do risco de aumentar o crédito malparado.
Conheça os créditos que tem atualmente
Ainda antes de apresentar uma forma de ter um crédito para poupar, aconselhamos que verifique o seu mapa de Central de Responsabilidades de Crédito (Mapa CRC) do Banco de Portugal. Nesse mapa irá verificar o montante em dívida de todos os seus créditos, os prazos e as prestações de cada um. Também poderá verificar os créditos que estão em sem nome, mas que não está a utilizar (neste caso aparecem no mapa CRC com a denominação de crédito potencial).
Ao somar o valor em dívida de todos os créditos que tem faça uma distinção entre aquilo que é financiamento a curto prazo e a longo prazo. Ou seja, some os montantes de todos os créditos que não são os hipotecários e terá o valor do montante que tem dívida de curto prazo. De seguida verifique o total das prestações de cada um desses créditos.
Consolidar para poupar
Das várias modalidades de crédito, aquela que lhe irá permitir fazer um novo crédito e com isso trazer poupança é com o chamado Crédito Consolidado. Este tipo de crédito, ao contrário do crédito pessoal genérico, tem uma finalidade específica. Finalidade essa que é LIQUIDAR OS CRÉDITOS DE CURTO PRAZO. Ou seja, estará a fazer um crédito sem aumentar o seu nível de endividamento, pois o valor financiado é o necessário apenas para liquidar o montante em dívida dos créditos anteriores.
Nesta operação de crédito consolidado poderá estar a financiar o mesmo dinheiro por um preço mais baixo, pois a taxa de juro deste tipo de crédito é mais baixa que qualquer conta corrente, cartão de crédito, conta ordenado e de que muitos créditos pessoais genéricos.
Para ter a prestação mais baixa possível deverá procurar o maior prazo possível (120 meses). Assim obterá a maior poupança mensal para o seu orçamento familiar.
Prazos maiores podem não representar um custo maior
O facto de ter um prazo de 120 meses no crédito consolidado quando outros créditos terminariam mais cedo não significa obrigatoriamente que tem maiores encargos com o crédito. Regra geral, um crédito consolidado não tem custos de amortização antecipada, pelo que se tiver a disciplina de deixar de lado parte da poupança que obteve o crédito consolidado, irá conseguir acumular valor suficiente para liquidar o consolidado num prazo, por exemplo, de 4 ou 5 anos.
Se fizer desta forma, quando terminar o 5º ano e liquidar o crédito consolidado (financiado a taxas mais baixas que os anteriores créditos) deixará de ter qualquer crédito de curto prazo, mantendo apenas o crédito hipotecário (que também pode transferir para outra instituição e poupar desta forma).
Como vê é possível poupar fazendo um novo crédito. É preciso disciplina, é um facto. Mas é possível. A sugestão que apresentamos é que faça uma simulação para verificar se é possível poupar dinheiro com os seus créditos
João Raposo
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