Os números oficiais mostram que existiam no final de março mais de 952 mil pessoas desempregadas em Portugal, o que corresponde a uma taxa de desemprego de 17,7 por cento.

Apesar de ser um valor recorde, estima-se que mais pessoas irão ficar sem emprego.

Em vez de ficar parada receando entrar nas estatísticas, atue em duas frentes.

Tome medidas que a coloquem no final da lista de despedimentos do seu patrão e antecipe-se ao acontecimento para que este não arruíne as finanças da sua família. Proteja o seu emprego. Existem algumas atitudes e estratégias que poderão ajudá-la a evitar o caminho do desemprego, mesmo que a empresa onde trabalha esteja a passar por uma fase de corte de despesas e emagrecimento. Aqui ficam algumas:

- Torne-se indispensável

Aumente as suas competências e formação, frequentando seminários ou cursos que sejam uma
mais-valia para o seu trabalho. Este conselho é ainda mais relevante se, na mesma empresa, existirem outras pessoas com as mesmas funções.

- Empenhe-se

Seja responsável, cumpra as suas responsabilidades e não falhe os prazos nem passe demasiado tempo a pesquisar assuntos pessoais no computador da empresa. Numa frase, não dê motivos ao seu chefe para a colocar na lista de colaboradores dispensáveis. Ao mesmo tempo, tente manter uma visão positiva e otimista, mostrando entusiasmo na execução das tarefas.

- Seja flexível

Fazer algumas tarefas que vão além da descrição do seu posto de trabalho é valorizado no contexto atual. Num momento em que muitas empresas enfrentam processos de downsizing, os funcionários são chamados a assumir outros papéis que até agora eram desempenhados por outras pessoas. Mostrar flexibilidade e versatilidade no desempenho dessas funções poderá a jogar a seu favor.

- Prepare-se financeiramente

O desemprego tem vindo a afetar a estabilidade financeira de inúmeras famílias que até há pouco tempo não contavam com este acontecimento nas suas vidas. Para não ser surpreendida comece já a preparar o seu orçamento.

- Crie um fundo de emergência

Prepare uma poupança com um montante equivalente a, pelo menos, seis meses de despesas do agregado familiar. Não toque neste dinheiro a não ser devido a uma emergência. Elabore uma lista de custos e despesas que poderão ser cortadas se tiver de reajustar o seu orçamento.

- Pondere a contratação de um seguro de desemprego

Várias instituições financeiras disponibilizam seguros de proteção de ordenado. Estas apólices asseguram por um determinado número de meses o pagamento de uma parcela do ordenado do cliente, caso este entre numa situação de desemprego involuntário ou enfrente uma incapacidade para o trabalho.

Uma análise feita pela DECO, a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor no ano passado indicava que os custos anuais com a contratação de uma apólice deste tipo eram superiores a 80 euros.

E se ficar sem emprego?

Terá de solicitar o subsídio de desemprego até 90 dias após a data em que ficou desempregada e só terá direito a receber esta prestação a partir da data de entrega do pedido.

Quanto vai receber

O valor do subsídio a atribuir corresponderá a 65 por cento da sua remuneração de referência. esta prestação tem um valor mínimo de 419,22 euros e o valor máximo de 1.048,05 euros. Ao fim de 180 dias de atribuição de subsídio, o valor da prestação sofrerá um corte de dez por cento.

Obrigações

Desde o momento em que começa a receber o subsídio de desemprego, passa a estar sujeita a uma série de obrigações, entre as quais se destacam a aceitação e cumprimento do plano pessoal de emprego, a procura ativa de emprego e a apresentação quinzenal no serviço de emprego. Fica, ainda, sujeita a medidas de avaliação e controlo por parte do Centro de Emprego.

Procurar emprego lá fora

Se se ausentar de Portugal para procurar emprego num país da união europeia, Islândia, Noruega ou Suíça poderá continuar a receber o subsídio de desemprego. Para tal terá de informar o Centro de Emprego de que vai para fora do país (indicando o motivo), solicitar junto da Segurança Social o documento portátil u2 e de se inscrever como candidata a emprego nos serviços competentes do(s) país(es) onde irá procurar trabalho, onde deverá apresentar o documento u2.

Criar o seu próprio emprego

O subsídio de desemprego por ser pago antecipadamente de uma só vez, total ou parcialmente, caso tenha um projeto de negócio com vista à criação do seu próprio emprego. Dados da consultora Informa D&B mostram que a criação de empresas em Portugal nos primeiros quatro meses deste ano atingiu o valor mais elevado dos últimos cinco anos. Saiba mais sobre a criação do próprio emprego no site do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

O (pior) que pode acontecer se for despedida

É importante ter a noção de que não existem garantias de que vai conseguir manter o seu posto de trabalho, pois nem tudo depende do seu desempenho. Se a empresa onde trabalha estiver numa situação financeira difícil e se houver um despedimento coletivo poderá não existir uma forma de evitar o caminho do despedimento e do desemprego.

Prevê-se que, em breve os despedimentos se tornem ainda mais fáceis e mais baratos. Está em discussão um diploma que pretende alterar o valor das indemnizações por cada ano de trabalho, dos atuais 20 dias de salário, para 18 ou 12 dias, conforme o vínculo laboral. deverá entrar em vigor já a partir de outubro.

As principais formas de cessação de um contrato de trabalho previstas na lei são:

- Caducidade do contrato
- Despedimento coletivo
- Despedimento por extinção do posto de trabalho
- Despedimento por inadaptação
- Despedimento por justa causa
- Acordo de revogação (fim do contrato por acordo entre ambas as partes)

Texto: Saldo Positivo (equipa editorial especialista em finanças pessoais)