Quando estamos no banco a tratar do financiamento para a casa com que sempre sonhámos, entre as várias “papeladas” que temos para assinar, uma delas é a contratualização do seguro de vida promovido pelo banco. Este seguro é essencial, pois vai salvaguardar que em determinadas circunstâncias o crédito fique pago. Mas há várias seguradoras e vários tipos de seguros de vida.

Verifique aqui os 5 “pecados” mais comuns na altura de fazer o seguro de vida:

  • Não questionar e assinamos de cruz

É verdade que o processo de compra de casa é altamente burocrático e pode levar meses a fio (pode libertar-se desse tormento se escolher um parceiro como o Doutor Finanças que faz esse trabalho por si). No meio desse processo exaustivo aparece a obrigatoriedade do seguro de vida e nem questionamos muito. É “apenas” mais um encargo entre outros que estamos a assumir. Como a nossa atenção está exclusivamente na expressão: “o seu crédito foi aprovado!” já não queremos saber de mais nada.

A consequência deste comportamento é que acabamos por assinar de cruz os papeis que nos dão sem os analisarmos. A prova disso mesmo é tentar responder a estas duas simples perguntas:

1. Quanto está a pagar de seguro de vida?

2. Conhece as coberturas do seu seguro de vida?

  • Acreditar que os interesses do banco são coincidentes com os nossos

Por muitos maus exemplos que surjam de gestão dos bancos, ainda há muitos portugueses que acreditam que os bancos existem para nos ajudar. Não é raro ouvir que “o banco ajudou-me a comprar casa”. O banco não ajuda. O banco faz negócio! E com os seguros também faz negócio que protejam os interesses próprios. Isto não tem mal nenhum. O errado é não nos lembrarmos disto quando estamos diante deles.

A “obrigatoriedade” de contratualizar o seguro com a instituição que o banco indica é um argumento comercial que se traduz na redução do spread do crédito habitação. Mas será que não conseguiria negociar essa redução de spread sem ter de assumir o seguro que lhe estão a propor? Não se esqueça que o banco vai querer vender o seguro que for mais benéfico para eles e isso não significa que seja o melhor para si. Regra geral, não é!

  • Não verificar as garantias da apólice

O seguro de vida prevê que o crédito seja liquidado no caso de morte. Neste cenário não há dúvidas do que estamos a falar e todas as seguradoras são iguais. A questão relevante a verificar na apólice tem a ver com as garantias que estão cobertas em caso de Invalidez. O seguro para a invalidez é no caso de ser Absoluta e Definitiva (IAD) ou Temporário e Permanente (ITP)?

Estamos a falar de dois tipos de coberturas muito distintas. Desafio que vá verificar a apólice do seu seguro para confirmar que tipo de invalidez é coberta. Se está com um seguro IAD, pode ficar numa situação que o impossibilite de fazer a sua vida normal (por exemplo: ficar o resto da vida numa cadeira de rodas) e isso não ser coberto pelo seguro que contratou. A IAD aplica-se apenas aos casos em que a pessoa perde absolutamente a autonomia e isso significaria que a pessoa segurada teria de estar praticamente em estado vegetal, acamada e dependente de terceiros para as situações mais básicas.

Com a ITP fica segurado se a Segurança Social considerar que tem uma incapacidade de 60% (regra geral, sendo que há ligeiras diferenças entre companhias). Neste caso se, por exemplo, ficar com um braço condicionado e se ele for essencial para o desempenho do seu trabalho (a sua fonte de rendimento) a invalidez é acionada e a casa fica paga.

  • Considerar que o custo do seguro é residual

A consequência de não fazer o seguro de vida proposto pelo banco pode implicar o agravamento do spread (não tem de ser sempre assim. Às vezes é preciso saber negociar com os bancos). Mas será que esse agravamento de spread é suficientemente penalizador face à poupança que terá por contratualizar outro seguro de vida?

No dia-a-dia do Doutor Finanças temos encontrado centenas de casos em que a poupança do seguro justifica largamente o agravamento do spread. Nalguns casos, o agravamento de spread traduz-se num aumento da prestação em 10 ou 15 euros e a poupança do seguro de vida está nos 70 ou 80 euros. É necessário fazer as contas certas.

  • Acreditar que agora já não pode mudar de seguro

Por muito amigo que seja o seu gestor de conta, a verdade é que não vai partir dele a iniciativa de fazer alterações ao seu seguro de vida. Até pode acontecer que quando converse com ele sobre o tema, a reação não seja a mais simpática. Mas não nos impede de mudar o nosso seguro de vida. Se lhe disserem o contrário é porque desconhecem a Lei. Todos podemos mudar de seguro de vida em qualquer altura do contrato do crédito habitação. O mercado dos seguros está cada vez mais competitivo e o Doutor Finanças pode ajudar a encontrar as melhores soluções de custo e coberturas de seguros para o seu caso.

João Raposo