A maior parte dos seguros de vida são feitos no seguimento de um crédito habitação, pois este é um produto requerido pelos bancos para que possam avançar com o processo. Além disso, na maior parte dos casos, os seguros são feitos, por sugestão do banco, na seguradora associada à instituição bancária.

E é por isto que, muitas vezes, os clientes mantêm o seguro de vida naquela seguradora sem saberem que podem, por lei, fazer uma transferência para outra.

Vejamos como o pode fazer, o que lhe pode ser proposto e se este processo lhe permite ou não poupar na sua prestação mensal do seguro de vida.

Antes de tomar decisões, informe-se sobre as coberturas

Primeiramente, antes de tomar qualquer decisão, deve estar informado sobre as condições atuais que tem no seguro de vida que contratou. Ou seja, deve saber as coberturas que tem e conhecer aquelas que existem, para que possa decidir se essa é uma parte que quer manter ou alterar no seu seguro.

As coberturas existentes num seguro de vida são as seguintes: invalidez absoluta e definitiva (IAD) e invalidez total e permanente (ITP). A modalidade IAD cobre uma incapacidade de 80%, resultante de doença ou de um acidente que impossibilite a pessoa de trabalhar e ter rendimentos, e, por conseguinte, tenha de receber assistência por terceiros para necessidades vitais (estado vegetativo).

Já a modalidade ITP cobre uma incapacidade superior a 60%, também resultante de doença ou acidente, que impeça a pessoa de trabalhar e ser remunerada. É importante realçar que o seguro ITP também inclui a cobertura IAD.

Num crédito habitação, o seguro de vida sugerido pela maior parte das instituições é a opção de cobertura IAD.

Primeiro: peça uma revisão das condições atuais

Depois de conhecer as coberturas possíveis, releia a apólice do seguro que tem atualmente para saber exatamente o que contratou.

Sabendo as condições atuais do seu seguro, peça agora uma revisão do seu seguro de vida à seguradora, pedindo ou não alterações, com o objetivo de baixar a prestação mensal.

Se continuar insatisfeito com a nova proposta que lhe foi apresentada, pondere então fazer uma transferência do seu seguro para uma nova entidade. Para isso, vá à procura de propostas de diferentes seguradoras, para perceber em qual consegue o melhor cenário: as coberturas que pretende ao melhor preço do mercado.

Transferência do seguro: quais os cenários que podem ocorrer?

Não se esqueça de que, ao fazer uma transferência do seguro de vida, o mesmo está associado como produto ao seu crédito habitação. Pelo que, pode acontecer algum tipo de repercussão ao seu contrato de crédito, dependendo do que ficou estabelecido na altura.

Então, antes de avançar com a transferência, releia o contrato do seu crédito habitação. Até porque as que possíveis consequências que pode vir a ter, vão depender daquilo que assinou.

Se já tem o contrato com o banco faz algum tempo, pode nem estar estabelecido qualquer tipo de especificação sobre bonificações, o que o permite fazer uma transferência do seguro de vida sem consequências, por exemplo, um agravamento de spread.

Por outro lado, existem contratos onde não houve bonificação no spread por fazer o seguro de vida na seguradora associada ao banco, pelo que pode alterar o seguro de seguradora sem complicações.

No entanto, a situação mais comum e recente trata-se de contratos onde existiu uma bonificação no spread por contratar o seu seguro de vida através do banco, o que significa que se quiser transferir o seguro, vai ver um agravamento do spread no seu crédito habitação.

Mas é importante referir que mesmo com um agravamento de spread pode compensar fazer a transferência e poupar. Como? Vejamos o seguinte exemplo.

Um exemplo de poupança com uma transferência de seguros

A Joana (nome fictício) tinha uma prestação de 400 euros mensais com o seu crédito habitação. A somar a esse valor, pagava ainda uma prestação de 82 euros pelo seu seguro de vida e seguro multirriscos. Ao transferir os seguros para uma nova seguradora, conseguiu, por ambos os seguros, uma prestação de 33 euros por mês, o que equivale a uma poupança mensal de 48 euros.

No caso da Joana o banco faz-lhe um agravamento de 0,9% no spread do seu crédito habitação. Este agravamento resultou num aumento de 34 euros na sua prestação mensal, mas que, ainda assim, compensou. Isto porque, com a transferência dos seguros, e ao pagar apenas 33 euros por mês pelos mesmos, a Joana passou a ter uma prestação total de 467 euros, em vez dos tais 482 euros, resultando numa poupança de 15 euros por mês e 180 euros por ano.

Por isso, caso esteja à procura de poupar com o seu seguro de vida, verifique as opções que tem ao seu dispor para tomar uma decisão consciente e informada.