É dona da Sax Store, uma loja enorme mesmo em frente à Casa Fernando Pessoa, em Campo de Ourique, que começou por ser um pequeno atelier de malas artesanais, e hoje tem magníficas peças de roupa que se adaptam a todas as idades criteriosamente escolhidas por Sara Cascais, uma empresária, mãe de quatro filhas, que já foi manequim e adora moda.

Há dois anos abriu a segunda loja no Chiado e já se prepara para abrir a terceira. O melhor do negócio é a confiança que as clientes depositam nos seus conselhos. Tudo graças ao seu bom gosto.

A Sax Store nasceu aqui, nesta loja em Campo de Ourique?

Nasceu numa loja mais pequenina aqui mesmo ao lado com uma pequena fábrica artesanal de malas a que comecei a juntar umas peças de roupa. Como as peças de roupa se vendiam bem, passei a ir buscar mais e, aos poucos, transformou-se numa loja de roupa, sapatos e acessórios.

Ainda faz malas?

Quando tenho muita vontade de ter uma mala que eu imaginei, peço para ma fazerem mas acaba por ser só para uso próprio neste momento. Algumas pessoas quando gostam das minhas malas também me pedem um modelo ou outro, mas são encomendas muito pontuais.

A ideia inicial foi fazer malas personalizadas. Como se lembrou das malas?

Tinha acabado de ter a minha filha mais pequenina e estava numa fase de interregno, ou seja, interrompi o meu trabalho na área da comunicação, fazia projectos de formação comunitários, ou seja, intercâmbio de jovens em formação profissional.

Uma área completamente diferente que não tem nada a ver com a sua actividade atual?

Em certa medida até tem porque me fartei de visitar empresas e fábricas que atribuíam estágios a jovens estrangeiros que queriam vir para Portugal. Como vê acaba por estar tudo um pouco ligado porque esses contactos deram-me know-how para a minha nova atividade.

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Foi o nascimento da sua quarta filha que lhe despertou a vontade de iniciar um negócio?

Comecei a pensar no que poderia fazer em casa que me ajudasse a ocupar o tempo e que fosse criativo, sem ter de deixar a bebé em lado nenhum. Um dia passei numa loja e comprei uma máquina de costura, sem nunca ter costurado na vida. Já lá vão cinco anos.

Quem a ensinou a costurar?

Hoje em dia basta ir à internet e ver as explicações de tudo e mais alguma coisa. Foi assim que aprendi: passei noites e noites a ver as potencialidades da máquina e as suas inúmeras utilizações, desde a aplicação dos fechos, a cozer as malas.

Fez as suas primeiras malas em casa?

Comecei a fazê-las muito rudimentarmente até que aos poucos fui aperfeiçoando a técnica. Quando já havia muitos alfinetes no chão, e começava a ser perigoso para quem tem bebés, fui “corrida” de casa.

Começou então à procura de uma loja?

Primeiro ocorreu-me um atelier, e ainda vi alguns, mas quando comecei a ver as peles e os tecidos para confecionar as malas, também via roupas, daí ter decidido por uma loja com um atelier onde podia juntar as duas actividades, e logo a seguir passei a ter também algumas peças de vestuário.

Gosta de Campo de Ourique?

É uma zona de bairro um pouco experimental onde as pessoas arriscam mais.

Quando abriu a primeira loja há quatro anos, nunca imaginou que já estaria numa loja muito maior?

É verdade. Vagou uma frutaria mesmo ao lado com o triplo do espaço e eu decidi arriscar. Foi graças a essa mudança que o negócio cresceu. Passei a ter muito mais espaço para ter ofertas para a mãe, a filha e a avó.

Qual é o seu critério para escolher as peças?

Acabo por comprar o que gosto, mas também penso no que as outras pessoas gostam. Tenho peças menos comerciais mas que são emblemáticas da loja.

Compra a roupa em Portugal?

Compro algumas coisas cá e também compro fora e vou a algumas feiras ver marcas novas.

Vestiu as protagonistas dos Ídolos?

Vesti os Ídolos todos o que também foi muito engraçado e tive a sorte de vestir pessoas muito giras, desde a Cláudia Vieira, à Roberta Medina, e também à Sara Esteves Cardoso e à Iva Lamarrão, pessoas muito bonitas que têm vindo ter comigo para usar a roupa da loja.

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Entretanto abriu no Chiado?

Abri há dois anos na Rua Nova do Almada. É uma loja diferente da loja da Rua Coelho da Rocha, em Campo de Ourique, porque tem dois andares, mas é igualmente grande.

Ajuda as suas clientes a escolher as peças mais adequadas?

Sim, faço questão. As pessoas têm confiança na minha opinião porque o meu objectivo é que elas brilhem ao máximo. Para mim cada cliente é a minha melhor publicidade. Quando me dizem que o vestido que eu lhes recomendei fez sucesso é a melhor recompensa para o meu trabalho.

Esse é o lado mais gratificante do seu negócio?

Sem dúvida. Quando uma cliente fica satisfeita tem vontade de voltar e de confiar.

O seu gosto pela moda faz parte de si. Chegou a ser modelo?

Fui durante um tempo e foi uma fase muito engraçada. Fiz a última passagem de modelos grávida da minha filha mais velha.

As portuguesas vestem-se bem?

Ainda se vestem de uma forma muito básica. Como são muito conservadoras não arriscam. É engraçado pegar numa pessoa assim e ajudá-la a mudar.

Que idade tem a sua cliente menos jovem?

Tem quase 90 anos, vem aqui e compra tudo. E, apesar de ter aquela idade, é linda! A minha mãe é outro exemplo para mim.

A crise está a fazer mossa?

Faz pois. Dantes as pessoas foram habituadas a consumir, agora, o que está na moda é não comprar e nota-se que as pessoas evitam fazer gastos no supérfluo, estão mais seletivas. Podem até escolher os básicos na Zara e na H&M, os grandes supermercados da moda que tiveram e continuam a ter um papel importantíssimo, mas depois vão à procura de uma peça que as diferencie.

A sua roupa é cara?

Não. Como é uma loja multimarcas, há vestidos que podem custar 200€, mas tem outras marcas que podem ter vestidos a 30€, um valor bastante acessível.

As suas filhas gostam da roupa da mãe?

As mais velhas, de 19 e 17 anos, gostam e vestem-se aqui.

Texto: Palmira Correia