Atualmente, a idade da reforma em Portugal é aos 66 anos e 4 meses. E se faltam duas ou mais décadas para se reformar, pensar neste tema pode parecer-lhe prematuro. Mas, na verdade, não é. Se não quiser lidar com preocupações financeiras quando estiver reformado, precisa de traçar um plano para alcançar a estabilidade financeira na reforma. E este plano tem de ser feito durante a sua vida ativa.
Assim, neste artigo, conheça o que deve fazer desde já para preparar a sua reforma.
Mentalize-se que o futuro é incerto e precisa de estar preparado para todos os cenários
Se está na faixa etária dos 30 anos, o mais provável é achar que, entre todos os seus objetivos atuais, juntar dinheiro para a reforma deve estar no final da sua lista de prioridades.
Afinal, se está a trabalhar tem feito os seus descontos para a Segurança Social ou outro sistema idêntico e estes descontos dão direito a uma pensão de velhice, quando chegar a altura de se aposentar.
No entanto, mesmo que durante toda a sua vida profissional pague as contribuições devidas à Segurança Social, não existem garantias de quanto vai receber de reforma. Ou seja, o valor da sua pensão está completamente fora do seu controlo.
Por isso, deve criar uma estratégia que complemente o valor da sua pensão de velhice. E quanto mais cedo iniciar esta poupança, maior será a probabilidade de não ter de sacrificar o seu estilo de vida.
Além disso, o peso que esta poupança tem no seu orçamento é muito menor, se começar a poupar antes dos 35 anos para a reforma. Se esta preocupação surgir perto dos 50 anos, tem de poupar quantias muito superiores e, mesmo assim, pode não conseguir alcançar o montante que pretende.
Defina qual é o montante que precisa para desfrutar da reforma que pretende
Quanto dinheiro vai precisar quando se reformar? Esta é uma questão que pode parecer impossível de responder, principalmente se estiver muito longe da idade da reforma. No entanto, é possível chegar a um valor aproximado, que pode ser adaptado ao longo dos anos.
Para conseguir dar início a estes cálculos, é aconselhável fazer uma simulação de quanto vai receber de pensão de velhice na área pessoal da Segurança Social Direta. Ao entrar no site com o seu NISS e palavra-passe, consegue verificar que o valor anual da simulação sofre alterações e está previsto que todos os anos os seus rendimentos aumentem. Claro que estes dados podem não corresponder à realidade no futuro. Mas se estiverem aproximados da sua realidade vai conseguir identificar um valor bruto de referência para os cálculos.
Contudo, tenha em conta que a própria Segurança Social apresenta dois valores da sua pensão de velhice: um sem ter em conta a inflação e outro que contempla esta taxa. O problema é que mesmo tendo estes valores como referência, a sua pensão pode não estar enquadrada com o aumento natural dos preços até à sua idade da reforma. Por isso, é tão importante ter um complemento que reduza o impacto da inflação.
Pense em como quer aproveitar a sua reforma e que outros encargos surgem nessa fase da vida
Pretende aproveitar a reforma para viajar ou vai dedicar-se a certos hobbies? Quer continuar a trabalhar ou abrir um negócio? Estas perguntas ajudam a visualizar o seu futuro e a fazer contas de quanto dinheiro precisa para complementar a sua pensão de velhice.
Depois, tenha em conta se o valor estimado da sua pensão consegue cobrir certas despesas que vai ter nessa altura, como um empréstimo ao banco, seguros, despesas de saúde, etc.
Imagine que, depois de fazer contas, lhe faltam 400 euros mensais para manter o seu estilo de vida e aproveitar a sua reforma. Então, pode chegar a um valor através do seguinte cálculo:
Valor do complemento de forma = (250 x 12) x 25 anos (estimativa do tempo de vida após estar reformado). Neste caso concreto, precisava de poupar 75.000 euros até à idade da reforma.
Como alcançar o valor do complemento da sua reforma de forma realista
Fazer crescer o dinheiro para a reforma nem sempre é uma tarefa fácil. Assim, o ideal é que, numa primeira fase, comece por poupar uma quantia fixa mensalmente. Este valor deve ser direcionado para uma conta bancária diferente da que usa normalmente.
Além disso, tenha em conta que esta poupança não deve interferir com a criação do seu fundo de emergência, se este ainda não estiver constituído.
Após ter reunido uma poupança significativa, é aconselhável começar a investir em produtos financeiros que possam rentabilizar as suas poupanças. Se o seu dinheiro não ficar parado no banco, não vai desvalorizar e pode conseguir uma rentabilidade interessante, se tiver uma carteira de investimento composta por produtos variados, com diferentes graus de risco.
Uma das soluções de investimento mais comum a pensar na reforma é a constituição de um ou mais PPR. No entanto, precisa de saber que existem Fundos PPR e seguros PPR, e que estes são produtos diferentes.
Ao investir em Fundos PPR, tem a possibilidade de escolher o nível de risco que quer correr. E, como na maioria dos produtos financeiros, quanto maior é o risco, mais elevados os retornos potenciais. No entanto, em muitos destes fundos, o capital não é garantido. Ou seja, corre o risco de perder o dinheiro que investiu. Mas, se começar a investir cedo, por volta dos 30 anos, tem a possibilidade de recuperar eventuais perdas, e até de maximizar significativamente o valor investido.
Já se optar por investir em seguros PPR, o risco é mínimo, pois na maioria dos casos o capital é garantido. No entanto, o rendimento deste tipo de produto é bastante baixo. Por norma, os seguros PPR são aconselhados para quem está perto da idade da reforma, uma vez que não corre o risco de perder as suas poupanças.
Contudo, também pode apostar em ter um seguro PPR e um Fundo PPR, entre outros investimentos que se adequem ao seu perfil de investidor. A grande vantagem de investir em PPR passa por ter a oportunidade de obter os benefícios fiscais que estão associados a estes produtos.
Concluindo, se tiver todos estes fatores em consideração desde já, pode obter um complemento bastante generoso que lhe vai permitir viver as últimas décadas da sua vida tranquilamente, sem ter de se preocupar constantemente com as suas finanças.
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