Há duas palavras que, por terem sido tão repetidas nos últimos
tempos, quase que ficaram desprovidas de significado.

A primeira é
crise. A segunda, poupar. Mas, como queremos que encare este
ano de 2011 cheia de força de vontade e, se possível, algum optimismo,
pedimos ajuda a Pedro Queiroga Carrilho, formador especializado em
Finanças Pessoais e autor dos livros como «O seu Primeiro Milhão» e
«Descubra o Milionário que Há em Si».

«Com o aumento dos impostos
e do desemprego e a redução do
poder de compra, 2011 deveria
ser um ano para os portugueses
diversificarem os seus rendimentos
e empreenderem. Na prática, a
poupança só funciona quando
há alguma coisa para poupar
e, por vezes, isso obriga a uma
reestruturação da vida pessoal.
A poupança é um dado adquirido
a que ninguém pode fugir.
Os portugueses precisam de
ganhar mais dinheiro e, para
isso, procurar outras formas de
rentabilizar as competências, criar
rendimentos em paralelo a uma
actividade de trabalho dependente
ou fazer alguns biscates é
essencial», considera Pedro
Queiroga Carrilho.

A trilogia de gastos

Conforme nos explica o
especialista em finanças pessoais,
«as três principais despesas dos portugueses são a habitação, os
transportes e a alimentação. São,
por isso, as que mais rendimento
disponível absorvem. A análise de
despesas mais fáceis de cortar irá
variar de pessoa para pessoa e essa é
uma questão à qual só se consegue
responder depois de analisar
o mapa de despesas mensais
individual».

«Todos os portugueses
deveriam saber detalhadamente
onde estão a gastar o seu dinheiro,
por categoria de despesas, de forma
a saberem onde podem e devem
cortar nos gastos. Na prática,
será mais fácil cortar no que são
os quereres (wants) e manter as
necessidades (needs), ou seja, cortar
no supérfluo e manter o que é
essencial», realça ainda este especialista financeiro.

Poupar nas refeições

Martin Lewis, estrela de um
programa televisivo britânico
sobre como poupar dinheiro,
refere, no seu site (www.moneysavingexpert.com) que «no Reino Unido, em média,
uma família deita fora cerca de
50 libras de alimentos que foram
comprados mas não chegaram a
ser consumidos». Abrir a porta do
frigorífico e verificar as datas em
que os produtos expiram é um
passo para a poupança.
Dê prioridade aos produtos que
têm «pouco tempo de vida»,
colocando-os mais à frente nas
prateleiras. Depois de ver o que
tem no frigorífico, congelador
e despensa, planeie as próximas
refeições e não se esqueça de fazer
sempre uma lista antes de ir ao
supermercado.

Economizar nos transportes

Quando for trabalhar, estacione
o carro um pouco antes do seu
local de emprego e faça o resto da
distância a pé. Para além de poupar
na gasolina, queima calorias e
beneficia a sua saúde.

Definir prioridades

«Infelizmente vemos que a maioria
das pessoas gasta dinheiro em
coisas que não as alimentam
emocionalmente e que não estão
alinhadas com o que querem fazer.
A integridade financeira é essencial
para viver uma vida equilibrada,
pois ninguém tem dinheiro para tudo. Pessoalmente, gosto muito
de ir almoçar ou jantar fora e é
por isso que não ando com um
carro luxuoso.

O truque é saber
aquilo de que gostamos e depois
definir orçamentos para tipos de
despesa. Há vários anos usava-se a
estratégia do envelope, onde cada
um continha o dinheiro necessário
a uma categoria. Além de
envelopes para casa, alimentação
ou educação, pode haver um
para presentes onde guardamos
algum dinheiro para o que mais
nos alimenta emocionalmente.


É importante lembrar que o
dinheiro é algo que pode ser muito
divertido e não tem valor nenhum
por si só, nós é que lhe atribuímos
vários sentimentos, usamo-lo para
realizar objectivos e, certamente,
temos de ser nós a controlá-lo
e não o contrário», alerta Pedro
Queiroga Carrilho.

Veja na página seguinte: O que pode fazer para inventar dinheiro

Conselho de ouro

Agora que já sabe aquilo que deve
fazer para que o seu dinheiro não
fuja, esteja atenta às palavras deste
perito.

«Deitem-se todas as noites
a inventar dinheiro», sugere Pedro
Queiroga Carrilho.

«Tal como
quando uma grávida tem tendência
a ver mais grávidas na rua (não
tendo aumentado o número de
nascimentos apenas porque ficou
grávida), o mesmo acontece com
o dinheiro. Se pensarem e se se
focarem em dinheiro irão ter
mais aos poucos», refere ainda.

«Por isso, deitar-se
todos os dias a pensar como
pode ter mais dinheiro, como
pode ganhar mais ou como pode
poupar mais, irá colocar a pessoa
num caminho para a geração de
riqueza. Irá estar focada em ganhar
mais dinheiro e acredite que esta
lógica funciona. Depois é preciso
agir. Acredite em alguém que o faz
regularmente e tem tido sucesso», acrescenta.

Pequenos gestos que fazem a diferença:

- Ligue a televisão, aparelhagem
e computador e outros aparelhos apenas quando
precisa deles e não deixe a televisão e
a aparelhagem em modo standby, que
também consome energia

- Opte por comprar lâmpadas
economizadoras, até porque também
são amigas do ambiente e habitue-se a
desligar o interruptor quando vai para
outra divisão da casa

- Há quanto tempo não
vai a uma biblioteca
pública ou a uma loja
de livros em segunda
mão?

- Tente substituir as chamadas
telefónicas que não são essenciais
por um e-mail, por exemplo

- Aconselhe-se com o seu médico assistente e não deixe
de fazer os exames de rotina adequados à sua idade
e história clínica pois o que
gastar será um investimento, se compararmos com o
que poderá gastar se negligenciar a sua saúde.

Texto: Teresa d'Ornellas com Pedro Queiroga Carrilho (especialista e formador em Finanças Pessoais)