Como ajudámos o casal Pereira a reduzir as suas prestações em 41%

Fomos contactados recentemente pelo casal Pereira. Um típico casal português que foi muito afetado pelos cortes das pensões da função pública no seguimento das medidas de austeridade dos últimos anos. Este casal viu as suas pensões cortadas fortemente, passando para €2.700 mensais o que impossibilitou o pagamento de todos os seus créditos, cujas prestações atingiam os €2.970.

Podemos ser tentados a pensar que um salário e prestações desta grandeza são irreais. Contudo, convém alertar para um problema grave com que nos deparamos por diversas vezes. Muitas pessoas, na impossibilidade de pagar as suas prestações viram-se para os cartões de crédito como um balão de oxigénio, empurrando literalmente o problema (e agravando-o) para os meses seguintes. Entra-se então na famosa e perigosa espiral de sobre endividamento. Daí ser fácil atingir prestações desta dimensão.

O Diagnóstico:

Tendo determinado o nível de rendimento da família, o valor de todas as suas prestações financeiras e fazendo uma estimativa das suas despesas regulares com serviços essenciais como sendo a água, luz, gás, alimentação, facilmente constatamos a urgência de tomarmos medidas de correção do problema pela raiz.

Para tal, identificámos as várias dívidas do casal (valores aproximados):

  • Crédito Habitação - €80.000
  • Créditos Pessoais (2) - €20.000
  • Cartões de crédito (10!) - €40.000
  • Total do Endividamento - €140.000

O tratamento:

Feito o diagnóstico o Doutor Finanças foi resolver o problema, atacando diversas frentes em simultâneo. A ideia na base será mostrar aos vários credores que o casal Pereira irá resolver o problema pela sua raiz e não empurra-lo mais uma vez para o ano seguinte. Aliás, esta postura é essencial para obter acordos nestas situações. Vejamos as diversas soluções:

No crédito habitação, negociou um período de carência de capital (garantindo naturalmente que o spread não seria alterado, situação que nos levaria a recusar qualquer acordo). A poupança obtida servirá para libertar capital para as despesas básicas e para acabar rapidamente com os créditos com taxas mais elevadas.

Nos produtos contratados à mesma instituição financeira foi possível fazer uma consolidação de créditos, o que possibilitou reduzir a taxa de juro média ao mesmo tempo que garantíamos que o capital em dívida era reduzido todos os meses (já viu que muitas vezes está a pagar os seus cartões de crédito mas só paga juros?). Neste contexto é também possível aumentar o prazo do crédito pessoal de modo a libertar uma folga adicional

Nos cartões de crédito (em alguns) foi possível uma alteração de produto, transformando estes cartões em créditos pessoais o que possibilitou desde logo baixar a taxa de juro, aumentar o prazo de pagamento e garantir a amortização dos créditos.

Os resultados:

O resultado do processo de negociação foi uma redução expressiva das prestações. O Casal Pereira viu as suas prestações reduzirem-se em €1.226 todos os meses ou 41% do total. Se olharmos para a poupança em termos anuais, falamos de €14.712.

Podemos ser levados a pensar que ficando mais tempo a pagar pelos créditos os juros pagos ao longo do contrato serão muito superiores, o que não é necessariamente verdade. Na prática, se conseguir reduzir a taxa média de juros poderá mesmo acabar a pagar menos juros do que no início.

Um alerta: as poupanças conseguidas com o processo de negociação devem ser destinadas a garantir que os créditos são todos pagos a tempo e horas e a garantir que a família tem o rendimento disponível para suportar as suas despesas essenciais. Nunca deve ser utilizado pra aumentar o consumo ou para fazer despesas desnecessárias. Em última análise, se ficar com mais rendimento disponível poderá sempre amortizar o crédito antecipadamente…

As soluções não são simples!

Escrito desta forma podemos ser tentados a pensar que o processo de negociação é algo simples e imediato. No entanto e apesar das instituições financeiras estarem mais abertas à negociação com os seus clientes, os processos são demorados e envolvem muita persistência e dedicação. Adicionalmente, várias instituições apresentam propostas iniciais que apenas vão de encontro aos seus interesses (garantem que o cliente continua a pagar juros elevados e não resolvem o problema).

Por onde começar?

Para começar a atacar o problema sugerimos sempre que recolha os mapas de responsabilidades de crédito do casal no site do Banco de Portugal. Tendo esta informação e uma estimativa das suas despesas mensais, estará em condições de iniciar o seu processo. Sugerimos que envie essa informação para o Dr. Finanças que fará um diagnóstico e indicará os próximos passos a seguir.

João Morais Barbosa

www.doutorfinancas.pt

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