Se dissesse ao seu chefe que um estudo demonstrou que dois por cento de melhoria nas relações laborais corresponde a um por cento de aumento nos lucros, acha que ele mudaria? Talvez sim.

Sem certezas, convença-se de duas coisas: ele pode mesmo ser «a principal fonte de infelicidade no trabalho», não duvida o desconcertante colunista da Forbes Gil Schwartz, e não é trabalho dele «torná-la mais feliz ou bem sucedida, isso é o seu trabalho», reforça Keith Ferrazzi.

A boa notícia é que é possível geri-lo mesmo que esteja em causa um caso patológico. Se o seu chefe (felizmente) não é assim e você simplesmente quer potenciar a relação tartaruga-elefante (você é a pequena tartaruga, ele o poderoso elefante), espere dele «rigor e o estabelecimento de limites», «respeite-o, sem que isso signifique perder o respeito por si mesma, e lance-lhe desafios», aconselha Tal Ben-Shahar.

Se tiver que lhe dizer «não», faça-o com cuidado e «argumente sempre com um bom motivo para a empresa», recomenda Gil Schwartz, segundo o qual, face a um chefe que nitidamente não gosta de nós, esgotada a hipótese de «sedução pessoal», algo dolorosa, só existe uma última defesa:

«A qualidade do trabalho. Ser excelente, insubstituível, irá protegê-la. Temos também de desenvolver a capacidade de nos distanciarmos dos nossos sentimentos face ao chefe», refere.

E as outras tartarugas?

E as outras tartarugas?

Claro que grande parte do que lhe dissemos deixará de ser eficaz se no trabalho tudo correr bem mas chegar a casa e o cenário familiar for o inverso. Terá de pôr em prática os incontornáveis conselhos sobre a partilha e delegação de tarefas e o programar semanalmente acções a dois e em família.

Mas também exercitar a máxima «o óptimo é inimigo do bom», aqui explicada por Tal Ben-Shahar: «Recomendo que aceitem o suficientemente bom em vez tentarem fazer tudo na perfeição. Temos de nos questionar: Para mim, o que seria um investimento suficientemente bom no trabalho? E em casa?», questiona.

Ser realista é, de facto, vital. Convença-se: é mesmo muito difícil «ser um CEO (Chief Executive Officer) enérgico, louco que trabalha 24 horas por dia, sete dias por semana e 365 dias por ano e, ainda assim, ser uma boa mulher e mãe. É também impossível ser um bom pai ou marido nas mesmas condições, o que pode explicar porque existem poucos bilionários felizes casados», ironiza Gil Schwartz.

Aceite ainda um último conselho: mesmo que a sua agenda esteja a abarrotar arranje tempo para si e nunca se sinta culpada. «É como nos aviões», ilustra Keith Ferrazzi, «quando pedem aos pais que coloquem as máscaras de oxigénio primeiro: se tomar conta si será muito melhor a tomar conta dos outros».

Com os colegas...

  • Seja genuína – criar uma fachada não resulta e é esgotante para quem o faz

  • Ofereça o que deseja receber em troca

  • Dê o primeiro passo. Partilhe, por exemplo, algo que a aborrece

  • Crie intimidade - Desenvolva diálogos que vão directamente ao “coração” do outro. Deixe-se de conversa fiada

  • Texto: Nazaré Tocha e Rita Caetano com Adelino Cunha (consultor), Amy Wrzesniewski (professora de Comportamento Organizacional), Gil Schwartz (vice-presidente executivo de comunicações da CBS), Keith Ferrazzi (CEO da Ferrazzi Greenlight), Pierre Farbus (key account manager da Transitar), Lee Hecht Harrison Richard Templar (consultor), Sandra Costa (coach) e Tal Ben-Shahar (professor de Psicologia Positiva)

    Foto: Artur (com produção de Mónica Maia)