“Este trabalho é muito mais atual, muito mais inspiracional”, comenta Gonçalo Narciso dos Santos, Delegado da Relais & Châteaux (R&C) para Portugal. “O que nós tentamos transmitir através deste Travel Book é que, quem o lê, possa, através de imagens, inspirar-se em sítios que estamos presentes e querer conhecê-los, estar e experienciar”, acrescenta.

Criada em 1954, a R&C conta com 580 hotéis e restaurantes à volta do mundo que pertencem e são operados por empresários independentes – maioria famílias – que têm amor ao seu ofício e que se encontram profundamente comprometidos em criar relações duradouras com os seus convidados.

A associação promove políticas de sustentabilidade desde sempre, “muito antes desta ser cool”, conforme menciona em jeito de brincadeira Rui Silva, diretor da Relais & Châteaux para Portugal e Espanha, durante a apresentação da revista.

Em 2014, a R&C apresentou um manifesto à UNESCO onde afirmava o seu compromisso em contribuir para um mundo melhor através da gastronomia e hotelaria. “Sentimos que temos um poder entre estes 580 membros”, comenta o diretor. “Temos chefes que são referência a nível mundial e em diferentes áreas. Se temos esse poder, é para ser usado para um impacto positivo”, finaliza.

Tendo como lema viver “em harmonia com todas as formas de vida na terra”, a instituição renovou, em 2024, este manifesto, transformando-o em 12 objetivos com ações concretas para implementar nas unidades que compõem a sua rede e que envolvam também os hóspedes. O novo compromisso acabou por ser selado através da assinatura de um protocolo com a organização da ONU.

Segundo Silva, a escolha do restaurante Fortaleza do Guincho para apresentação da Travel Book não foi ao acaso. “Estamos no restaurante que melhor representa essa componente da sustentabilidade”.

Com uma Estrela Michelin, a cozinha da Fortaleza do Guincho é liderada pelo chef Gil Fernandes que procura aliar tradição, qualidade e sazonalidade dos produtos.

O restaurante, que podia apenas gozar da vista para o mar, faz uso deste. Com frequência, Gil e a sua equipa exploram as redondezas para colher matéria-prima como algas e azedas. “Estamos muito longe do caviar e do foie gras, mas essa não é a nossa preocupação”, refere Silva.

Fortaleza do Guincho
Fortaleza do Guincho Fortaleza do Guincho créditos: Ana Oliveira

A verdade é que Gil, em conjunto com a sua equipa, conseguem com pouco – ou produtos “menos nobres” – fazer mais.

Inspirado na paisagem que o rodeia, experiências e memórias do seu passado, sem esquecer a sustentabilidade, o chef da Fortaleza apresenta pratos com muita cor e sabor que nos levam a recordar a infância, como as entradas com azedas ou o "Galinheiro da Avó São", tal como a falar sobre sustentabilidade, como com o "Pescado Subvalorizado", que Gil serve com buzina, por esta não ser um produto de grande consumo. O chef explica que, no restaurante, seguem uma filosofia muito ligada à sustentabilidade, ao “aproveitamento total e utilização de produtos que não são muito consumidos”. Ainda através de criações como o "Degelo", o chef chama a atenção para temas relevantes como o  aquecimento global.

Pratos como a "Realidade Alentejana", que utiliza borrego merino, cuscos transmontanos e cogumelos selvagens, mostram que nem sempre são precisos ingredientes como caviar ou trufa para se criarem pratos gourmet.

Por vezes, o segredo está na forma como se trabalham e escolhem os produtos, tal como no amor à cozinha e conhecimento.

Percorra a fotogaleria para descobrir algumas das criações de Gil Fernandes: