Diferentes fases da vida correspondem a diferentes preocupações financeiras. No entanto, em qualquer uma delas é a forma como planifica o seu orçamento e as decisões que toma a cada instante que irão determinar a estabilidade financeira no presente e a médio/longo prazo. Gerir um orçamento não tem de ser um quebra-cabeças e mesmo com um salário baixo poderá ser possível investir no futuro sem comprometer o dia de hoje. Década a década, conheça as principais medidas para manter-se livre de preocupações monetárias ao longo da vida.
Aos 20 anos…
O maior desafio é aprender a gerir um orçamento. Nesta fase provavelmente ainda está a viver em casa dos pais, prepara-se para ingressar no mercado de trabalho e vai começar a gerir o seu próprio ordenado.
Para o conseguir:
- Controle as tentações: Com poucas despesas a seu cargo e um salário à disposição pode sentir-se tentada a gastar todo o ordenado na compra dos bens que sempre quis ter e nas viagens que deseja fazer. Mas não ceda a todas as tentações.
- Planifique: A liberdade financeira deverá ser acompanhada de um planeamento do orçamento. Estabeleça objetivos financeiros de médio/longo prazo, como comprar uma casa ou ir para o estrangeiro em busca do seu emprego de sonho e constitua uma poupança para o efeito. Caso contrário arrisca-se ter de viver em casa dos pais durante muitos anos, adiando a sua independência financeira.
Não se esqueça de:
- Aprofundar conhecimentos financeiros: Com a entrada no mercado de trabalho vai tomar o primeiro contacto profundo com os serviços financeiros: subscrever o cartão de crédito, fazer um crédito à habitação e aplicar o seu dinheiro em produtos financeiros para que vão além da tradicional conta-poupança e dos depósitos. Informe-se devidamente junto do seu gestor de conta sobre as condições de cada produto e serviço para evitar problemas de endividamento no futuro.
- Poupar sempre: Mesmo com um salário baixo deve colocar, por pouco que seja, algum dinheiro de parte todos os meses – se canalizar todos os meses 50 euros para uma aplicação com um juro médio anual de 3,5% ao fim de sete anos já terá uma poupança acumulada de mais de 4.750 euros.
Dos 30 aos 49 anos…
O maior desafio é adquirir casa e garantir a educação dos filhos. É nesta fase da vida que surgem maiores responsabilidades para assegurar, das quais a compra de uma casa e o nascimento dos filhos são os momentos mais marcantes. Apesar do aumento dos encargos é uma fase de crescimento profissional que deverá ser acompanhada por uma melhoria dos rendimentos da família.
Para o conseguir:
- Escolha a casa certa: A compra de habitação própria é o encargo que pesa mais no orçamento das famílias. Escolha uma casa adequada ao tamanho da sua família e da sua carteira. Se procura pechinchas, uma opção a ter em conta são os imóveis à venda nos próprios bancos e que lhe permitem empréstimos com condições mais vantajosas. Em alternativa, considere o arrendamento.
- Poupe para os filhos: Crie uma conta poupança logo após o nascimento onde poderá alocar algum dinheiro e assim garantir a educação das crianças. Poderá canalizar para esta conta-poupança as ofertas monetárias da família, bem como o dinheiro extra proveniente, por exemplo, do reembolso do IRS.
Não se esqueça de:
- Criar um fundo de emergência: Tendo em conta os elevados encargos desta fase deve guardar um montante equivalente a pelo menos seis meses de salário, para uma situação inesperada, como o desemprego.
- Pensar em si: Se ainda não começou a planear a sua reforma é imperativo que faça um PPR ou outro plano de investimento com o objetivo de garantir uma velhice financeiramente mais confortável. Se é um investidor com um perfil mais agressivo esta é a fase para tomar alguma dose de risco.
Dos 50 aos 65 anos…
O maior desafio é aumentar a poupança para a reforma. Por esta altura deverá estar no pico da sua carreira. Teoricamente é a fase de maior rendimento líquido, já que o salário tende a ser mais elevado e as despesas menores: os filhos estão a sair de casa e o crédito à habitação está perto de ser liquidado. É altura de investir no amanhã.
Para o conseguir:
- Pense no futuro: Porque falta pouco tempo para atingir a idade da reforma aproveite o facto de a sua capacidade de poupança ser mais elevada para reforçar o seu PPR.
Não se esqueça de:
- Investir de forma conservadora: À medida que a idade de aposentação se aproxima deverá privilegiar as aplicações mais conservadoras (depósitos, fundos de investimento do mercado monetário, de tesouraria ou de obrigações) e diminuir a exposição da sua carteira de investimento a ativos de maior risco (como ações). O objetivo é garantir que o seu pé-de-meia não seja muito afetado pelas oscilações do mercado.
A partir dos 65 anos…
O maior desafio é adaptar o orçamento aos seus rendimentos. Deixou de trabalhar e está na altura de colher os frutos que semeou ao longo da vida. Se nas décadas anteriores planificou a sua reforma e construiu uma poupança para garantir uma velhice confortável, não deverá ter razões para se preocupar. No entanto, há alguns cuidados a ter em conta.
Para o conseguir:
- Resgate o seu PPR: Poderá optar por resgatar esta aplicação de uma só vez, ou receber como renda mensal.
- Faça contas: A sua pensão e o seu complemento de reforma poderão ser as únicas fontes de rendimento. Verifique se o rendimento disponível permite-lhe manter o estilo de vida que tinha durante a vida ativa. Caso contrário terá de reajustar o orçamento corte nos gastos supérfluos e planeie o aumento de despesas que terá com medicamentos e saúde em geral.
Não se esqueça de:
- Manter-se ativa: Encontre uma ocupação que a faça feliz e que, quem sabe, até lhe possa proporcionar uma nova fonte de rendimento.
- Informar-se: Existem diversos apoios na terceira idade. Por exemplo: as empresas de transportes preveem tarifas especiais na compra de bilhetes ou passes e algumas operadoras de telecomunicações também dão descontos na assinatura mensal e bónus no carregamento do telemóvel.
Seis regras fundamentais para garantir a saúde das suas finanças, em qualquer idade:
1. Não gaste mais do que aquilo que recebe.
2. Faça um orçamento para planificar as despesas e os rendimentos da família.
3. Tenha um fundo de emergência para percalços financeiros inesperados.
4. Invista apenas naquilo que conhece.
5. Pense no longo prazo e trace objetivos.
6. Não menospreze as pequenas despesas.
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