Lisboeta com ascendência madeirense, Ana Borges, de 46 anos, dedicou toda a sua vida à moda para agora se entusiasmar com um produto americano que devolve o que mais desejamos: a beleza. “Não é o elixir da juventude, mas parece”, brinca a ex-modelo que dirigiu a Elite durante 18 anos.
Começou a trabalhar na moda com que idade?
Com 18 anos. Foi o meu grito de liberdade e tive a sorte de começar a trabalhar numa atividade em que comecei logo a ganhar muito dinheiro. Era estudante e fui surpreendida por uma carreira para a qual não estava preparada.
Nunca lhe passou pela cabeça ser modelo?
Nem sequer era uma coisa que se equacionava. Ser modelo há 30 anos era um bocadinho esquisito, era como ser corista, ou bailarina, era muito estranho e ninguém via isso como uma atividade profissional. Mas acabei por agarrar esse caminho com unhas e dentes porque comecei a ganhar muito dinheiro e a viajar por países que nem sonhava...
A sua vida deu uma grande volta?
De repente caí no caldeirão da moda e dos modelos, mas de uma maneira muito saudável, e hoje em dia dou graças a Deus. Como costumo dizer, a moda foi a minha universidade.
Mais tarde foi responsável pela Elite Models?
Foi um privilégio fazer parte desse projeto que foi a abertura da primeira agencia de modelos internacional em Portugal. Foi uma experiência muito interessante porque continuei a trabalhar no mesmo registo, embora tivesse tido a oportunidade de melhorar e estruturar as coisas que eu achava que deviam existir no mercado e que ainda não estavam criadas.
Hoje os modelos já outras condições que não tinham.
E nem sonham como é que nós trabalhávamos antigamente... A atividade de modelo profissionalizou-se e eu trabalhei com imenso prazer e imenso gosto esse universo. Mais recentemente o mercado também mudou e hoje em dia há muitíssimas agências.
Trabalhou na Elite quantos anos?
Ao fim de 18 anos acabei por me despedir dessa atividade embora continue ligada a toda essa área. As pessoas quando me encontram na rua reconhecem-me e associam-me sempre à moda. Eu posso fazer uma coisa completamente diferente mas a moda continua colada à minha pele.
O que foi mais gratificante em todos estes anos de trabalho à frente de uma agência de modelos?
Adorava descobrir novos talentos, perceber quem tinha potencial e aconselhar os jovens a desenhar a carreira, quer fossem modelos ou atores, que a agência acabou por ter também mais tarde, e acabei também a identificar os jovens nesses caminhos. E isso era o que mais me satisfazia: identificar o talento e depois acompanhá-lo no crescimento da sua carreira.
Há alguma figura dessas que ajudou a crescer que a encha de orgulho?
Tenho um prazer imenso em ver o Diogo Morgado a fazer de Jesus Cristo, a Soraia Chaves a fazer o Dancing Days, ou a Ana Rita Clara, que hoje em dia é aquela bomba na SIC Mulher, para além de mil exemplos de pessoas que começaram comigo e que hoje têm carreiras de sucesso.
Sente-se um bocadinho mãe deles?
Sinto. E fico verdadeiramente orgulhosa deles. Só que entretanto o mercado mudou, as coisas deixaram de me dar tanta satisfação, e acabei por me desligar.
Pelo meio teve três filhos.
Tive a Joana aos 25 anos, ainda era modelo. Depois tive o Luís, que tem 10 anos, e o Manel com sete. Sempre achei que queria ter três filhos porque eu também sou de uma família com três filhos, e por isso este era o número mágico. Estou satisfeitíssima e mantenho-me em forma porque ainda jogo futebol...
Com dois rapazes pequenos é inevitável.
Dão muito trabalho mas também é muito compensador porque me mantém muito viva. Os meus filhos dão-me uma genica incrível para me manter ativa. E, curiosamente, o tempo vai passando e eu continuo a sentir-me jovem! Tenho muita vida porque também tenho muita vida à minha volta. Sempre lidei com os “miúdos” na agência e continuo a casa cheia de juventude.
Conciliar trabalho com três filhos exige uma grande disponibilidade.
Como eu costumo dizer, quem faz mais consegue sempre mais um bocadinho, enquanto as pessoas desocupadas são as que não têm tempo para nada nem disponibilidade para coisa nenhuma. Eu consigo sempre encaixar mais alguma coisa na minha agenda.
Até que no passado se entusiasma com um novo projeto?
É verdade. Veio ter comigo um projeto com o qual me identifiquei imenso: organizei o Festival da Sustentabilidade. Tem tanto a ver comigo que no início até estava impressionada. Isto porque eu, enquanto pessoa, tenho muito a ver com a causa. O que mais me agradou foi conseguir criar um evento em que o que se pretendia era comunicar que sustentabilidade não é só reciclagem.
O mais importante é o comportamento humano?
Que começa na ajuda aos seniores, às crianças, aos novos hábitos de vida e especialmente uma grande abertura a estes temas. Contactei com universidades, escolas de crianças, clubes seniores, centros de dia, a Santa Casa da Misericórdia, enfim, um sem número de instituições que me deram um prazer imenso, e saí indiscutivelmente mais rica deste trabalho.
Terminou quando?
Em setembro. Entretanto, fui contactada por uma das entidades que trabalhava o projeto e que achou que eu tinha o perfil adequado para trabalhar com uma marca na área da saúde e da estética com um conceito muito natural e desafiaram-me para ser a embaixadora em Portugal.
Uma marca americana?
Sim. É a NuSkin. Estou a criar uma estrutura de rede comercial mas o meu maior prazer é trabalhar um produto pelo qual me encantei. O que a marca assegura de novidade é a sua nova tecnologia que permite que a nossa pele absorva os produtos nas sete camadas, o que é completamente diferente de todos os produtos que existem no mercado.
A marca só se dá a conhecer no contacto pessoal?
Exclusivamente. E propomos uma demonstração da funcionalidade dos produtos. E o impacto é sempre muito positivo porque os produtos resultam mesmo!
Tem só cremes?
Também tem uma área de suplementação, a Farmanex, que me deixou rendida. Estes dois produtos são tão importantes que estão cotados na bolsa de Nova Iorque.
Volta a estar em contacto com as pessoas como sempre fez?
Gosto muito. Dantes tinha bookers a vender modelos, agora tenho bookers a vender saúde e cosmética.
Uma coisa que lhe dê prazer?
Adoro cozinhar. Gosto do lado químico da cozinha.
Uma prioridade?
Viver com qualidade com a minha família.
Viver é bom?
É muito bom. Vivo a vida com muito prazer!
Texto: Palmira Correia
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