Assim, desde palestras motivacionais, a livros com títulos apelativos do género “Mude a sua vida em 7 dias”, a intervenções baseadas na astrologia até processos de coaching que usam técnicas cientificamente validadas, a tudo isto se tem chamado coaching.
Importa por isso definir de um modo mais rigoroso: coaching é um processo estruturado em sessões, com objetivos específicos e que visa alcançar resultados mensuráveis que se podem traduzir em melhoria do bem-estar sentido por um cliente ou uma equipa e desenvolvimento de competências, por exemplo a capacidade de falar em público ou comunicar assertivamente em situações de conflito ou otimização da performance e gestão de stress quando a intervenção é em meio desportivo ou artístico. É regulado por um contrato e obedece a um código deontológico. No caso de o coach ser psicólogo, está vinculado ao Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
Um coach profissional deverá atuar dentro da sua área de especialidade: coaching em meio desportivo, coaching executivo (em empresas e organizações), coaching parental, coaching relacionado com saúde e bem-estar. A experiência do coach deverá ser um primeiro critério na escolha do profissional com quem decidir trabalhar.
Por vezes as pessoas perguntam quais as diferenças entre o coaching e a psicoterapia. A resposta varia de acordo com quem a dá. É muito comum encontrar respostas vindas de fontes ligadas ao coaching que advogam que o coaching é equivalente à psicoterapia e uma forma mais rápida e eficaz de resolver os mesmos problemas. Ou ainda que a psicoterapia é focada no passado e o coaching no presente e futuro. Estas distinções revelam um desconhecimento sobre o que é a psicoterapia.
O objetivo da psicoterapia é mudar o presente e evidentemente o futuro das pessoas com quem trabalhamos, a exploração do passado apenas acontece na medida em que é necessária para construir um presente diferente. Do mesmo modo a psicoterapia é mais demorada porque o volume de mudança necessária assim o exige. Para os coaches que têm conhecimentos de psicologia a diferença está no tipo de intervenção: O coaching está direcionado para a resolução de problemas específicos não clínicos, tomada de decisão e desenvolvimento de competências. Sempre que existe sofrimento emocional significativo ou questões mais profundas interpessoais ou estruturais na vida das pessoas, a psicoterapia deverá ser a intervenção preferencial.
Infelizmente o coaching apresenta-se muitas vezes como algo que promete “a solução” para os problemas da vida, como se fosse uma fórmula em que a partir da qual não há erros nem dor nem perda. Na realidade este tipo de intervenção irrealistas e simplistas pode ter um efeito bastante frustrante logo que o entusiasmo inicial e o clima de novidade passar. E é muito provável que passe.
A psicologia estuda o comportamento humano e os fatores que facilitam o nosso desenvolvimento, as barreiras que nos derrubam e as estratégias que nos possibilitam ultrapassar estes obstáculos. Mudar de vida não é apenas uma ideia ou um segredo bem guardado que nos ilumina. Mudar as nossas atitudes e comportamentos é possível! E é difícil! E mesmo quando corre muito bem tem fases frustrantes e em que se anda para trás.
Por isso é tão importante escolher um coach que seja tão motivado para o desenvolvimento dos seus clientes como com as competências técnicas que lhe permitam ser uma mais valia e um verdadeiro facilitador desse processo.
Ana Moniz
Psicóloga
Psicoterapeuta/Executive Coach
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