Survival of the fittest”, que para o português é traduzido como ´a lei da sobrevivência` ou ´a lei do mais forte`, é a explicação da teoria de evolução de Charles Darwin. Muitos de nós, nas aulas de biologia ou ciências naturais, aprendemos essas leis. Sabe-se que no mundo dos animais, numa ninhada de recém-nascidos, muitas crias morrem por essa mesma lei. porque a luta pela sobrevivência começa desde o primeiro momento em que a vida começa.

Nós, humanos, também vivemos, consciente ou inconscientemente, pela lei do mais forte. o nosso objetivo é adquirir sempre mais e mais “força”, para sermos capazes de enfrentar os confrontos e competições com outros humanos. A “força” no nosso mundo são aptidões como inteligência, sabedoria, experiência, habilidades adquiridas ao longo dos anos nas escolas, nas universidades, nos locais de trabalho, etc. Todos nós estamos sempre à procura de mais, porque o que temos já não parece ser suficiente e parece ultrapassado. A vida, assim, torna-se num stress sem pausa, 24 horas por dia, sete dias por semana, sempre à espreita de que alguém possa ser melhor do que nós, e de que alguém nos possa “ultrapassar”, seja no emprego, seja no amor, entre amigos, por exemplo. é essa a prisão invisível em que nos encontramos.

A nossa preocupação é, portanto, parecer o mais feliz e bem-sucedido possível, convencer e impressionar com as nossas capacidades, os nossos símbolos de status (carro potente, casa grande, roupas de marca, etc). Tudo para não ficar para trás no jogo social. Afinal, o mais forte vence o mais fraco, e o mais forte tem o “direito” de devorar o mais fraco.

O engano da interpretação

Mas há um grande engano na maneira como “A lei da sobrevivência” é traduzida e interpretada. Vejamos, literalmente «Survival of the fittest» não pode ser traduzido para ´a lei do mais forte`. “Fittest”, palavra inglesa que provém do adjetivofit”, é traduzido como ´adequado`, ´apto` e ´adaptado` para o português. traduzindo dá ´a lei do mais adaptado`, e essa interpretação dá um significado diferente à lei da evolução. ou seja, não é melhor e mais apto aquele que tem mais, em termos materiais, num certo ramo profissional, em títulos, numa certa habilidade, mas sim aquele que melhor se adapta às circunstâncias que o rodeiam.

A habilidade de adaptação é crucial, pois o mundo está em mudança, e a história demonstra-nos que a longo prazo, aqueles que sempre melhor se adaptam às novas circunstâncias ficam vitoriosos, enquanto que outros, mesmo em posse de poder, e influências, fracassaram por falta de habilidade de adaptação.

Um bom exemplo de onde é necessário essa habilidade, é justamente aqui em Portugal, no tempo de crise. Nada é agora tão importante como a habilidade de se adaptar a essas circunstâncias. E ao mesmo tempo que uns não param de protestar e queixar, por terem levado como garantido o estilo de vida que viveram antes, outros já aceitaram no seu profundo interior as novas circunstâncias e são capazes de em tempos de crise sair-se bem e ter sucesso.

Habilidade versus Adaptação

Adquirir ou melhorar a sua habilidade de adaptação, que é com certeza a habilidade mais importante na vida de um ser vivo, seja humano, animal, planta, etc. não é necessariamente difícil, nem muito fácil. o mais importante é a ligação que temos com o universo e tudo o que nos rodeia. Não basta olhar com a mente para as coisas e pensar, por exemplo: «Irei apenas trabalhar nessa profissão porque foi isso que estudei na universidade.» é preciso “sentir” as decisões certas: «Sinto que no meu ramo profissional a situação está difícil. Tenho que me adaptar à nova situação e adquirir as habilidades necessárias para agir com êxito num outro ramo.»

Outro exemplo: Uma pessoa conservadora poderá dizer: «Vou aprender o francês como língua estrangeira, porque tenho avôs na França e é uma língua romana como o português, logo não será difícil aprendê-la.» outra pessoa inovadora e consciente do mundo em mudança, poderá dizer: «Escolhi aprender o mandarim, porque apesar de ser mais difícil, a China está em ascensão económica, e é a língua mais falada do mundo.»

Essa habilidade de adaptação também se pode designar por intuição. E pessoas com boa intuição são pessoas que estão em melhor relação com os seus sentimentos e sensações. Esteja, portanto, atento ao seu mundo interior, para melhor se comportar no mundo exterior. Adapte-se melhor do que todos às novas circunstâncias, e não haverá crise nenhuma que o consiga abater.

Texto
Ricardo e Rudolf Schimassek

Revista Insights