Se anda à procura da felicidade, pare um pouco para pensar. O que tem feito para a conseguir? Que crenças estão por detrás desses comportamentos? Que ideias feitas tem sobre este estado de bem-estar? Se foi difícil encontrar resposta para estas perguntas, não se preocupe! Já de seguida, conduzimo-lo por alguns dos principais mitos acerca da felicidade. Porque conseguir alcançá-la começa por perceber o que ela não é.
1. Serei feliz se concretizar os meus desejos
Segundo o psicólogo Jonathan Haidt, conseguirmos aquilo que ambicionamos apenas nos faz felizes durante alguns minutos ou horas. Mais importante do que isso são as "atividades diárias que desenvolvemos, o tipo de relação que estabelecemos com os outros ou a ligação que temos ao nosso trabalho, fatores cujos benefícios são muito mais duradouros".
2. O status concede felicidade
Perseguir o prestígio é uma armadilha. "Em termos evolucionistas, fomos desenhados para vencer o jogo da vida, não para sermos felizes e, portanto, acabamos por fazer coisas que aumentem o nosso estatuto aos olhos dos outros", refere o especialista.
"A investigação demonstra que o dinheiro gasto em bens caros não aumenta os níveis de felicidade, enquanto o dinheiro empregue em atividades que melhorem as nossas relações ou que são partilhadas com quem amamos são um melhor investimento", conta ainda Jonathan Haidt.
3. Só serei feliz se os outros reconhecerem o meu valor
Não é bem assim. "A pesquisa demonstra que o facto de recebermos feedback positivo das outras pessoas em relação ao nosso desempenho não nos torna necessariamente mais felizes ou motivados mas antes indivíduos mais dependentes. A autoestima e felicidade derivam sim de um trabalho pessoal árduo, do esforço", desmistifica Tal Ben-Sahar, professor de Harvard e especialista e uma das principais referências mundiais do estudo da felicidade.
4. Não é possível ser-se feliz se se tiver uma baixa autoestima
Pois, surpreenda-se! Um estudo realizado por investigadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos da América, comprovou que felicidade e autoestima não são co-dependentes. Os cientistas constaram existir pessoas infelizes com elevada autoestima (que sentiam que não haviam alcançado os seus objetivos), assim como indivíduos felizes com uma baixa autoestima.
Tinham, no entanto, outros trunfos, como fizeram questão de ressalvar os investigadores que desenvolveram o trabalho. Eram pessoas extrovertidas, que tinham encontrado sentido para a sua vida e gostavam da forma como ocupavam os seus tempos livres.
5. Pessoas felizes têm vidas invulgares
Na verdade, pessoas felizes são as que sabem jogar com aquilo que a vida lhes oferece, não vivem projetadas no futuro nem presas a ilusões. "Para sermos felizes não temos de ser extraordinários nem de desenvolver atividades fora do vulgar, em circunstâncias exóticas", refere Richard Schoch.
"Precisamos antes de trabalhar com as circunstâncias da nossa vida e não contra elas", sublinha o autor do livro "The secrets of happiness", "Os segredos da felicidade em tradução literal". E sabia que um estudo demonstrou que insistir em maximizar a nossa felicidade pode conduzir-nos à infelicidade?
Texto: Nazaré Tocha com Jonathan Haidt (psicólogo), Tal Ben-Sahar (professor universitário) e Richard Schoch (professor universitário)
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