Vacina

A vacina contra o vírus vaccinia responsável pela erradicação da varíola confere proteção contra a infeção por outros Orthopoxvirus nomeadamente contra a infeção por MPV.

Sinais e Sintomas

A infeção por MPV é semelhante à varíola com a exceção que no MPV poderá haver linfadenopatias. O período de incubação é normalmente entre 7 a 14 dias podendo variar até entre 5 a 21 dias. Os sintomas incluem inicialmente febre, cefaleias, dores musculares e lombares, calafrios e astenia e posteriormente máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas. A doença é maioritariamente autolimitada e com duração aproximada de 2 a 4 semanas.

Transmissão

A transmissão primária é entre animal e humano, mas também secundária entre humano e humano. Ocorre através de mucosas (olhos, boca, nariz), trato respiratório e pele não intacta (mesmo que ferida não visível a olho nu) e também através de contacto com fluídos biológicos contaminados ou roupa ou tecidos contaminados.

Prevenção

Não ter contacto físico com pessoas que apresentem os sintomas referidos durante toda a duração destes sinais e sintomas. Está também desaconselhada a partilha de vestuário, toalhas ou lençóis.

Desde julho de 2022 que existe uma vacina de terceira geração contra a varíola, também eficaz contra o MPV. Neste momento, são elegíveis para a vacinação:

  1. Grupos com risco acrescido por infeção humana pelo MPV, em contexto de vacina preventiva
  2. Pessoas que tenham tido contacto próximo com um caso confirmado de infeção, ou seja, em contexto de vacinação pós-exposição ao vírus.

Diagnóstico

A suspeita clínica poderá ser confirmada com colheita de exsudado da crosta e fluído biológico das vesículas para amplificação por Polymerase Chain Reaction (PCR) e pesquisa do gene que produz uma proteína de fusão presente em todos os Orthopoxvirus incluindo o MPV e posterior confirmação nas amostras positivas de se tratar realmente dum MPV. Esta colheita deverá ser efetuada por profissionais, competentes para o efeito, com equipamento de proteção individual incluindo luvas, máscara respiratória FFP3, óculos de proteção e bata.

Tratamento

A maioria dos casos requer apenas medidas de suporte, beber muitos líquidos para manter a hidratação e, caso necessário, tomar medicamentos para alívio de sintomas como a dor e a febre. Em casos mais graves, poderá ser necessário o internamento hospitalar.

História epidemiológica do vírus nos EUA e Europa

O vírus Monkeypox é um vírus endémico da Africa Central e foi descrito pela primeira vez na Dinamarca em 1958 e o primeiro caso de infeção humana por Monkeypox foi em 1970 na República Democrática do Congo. Em 2003 houve um surto nos EUA com 47 casos confirmados sem qualquer óbito. Em 2018 no Reino Unido foram detetados dois casos confirmados que terão tido origem na Nigéria e um deles viria a ser causador da primeira transmissão entre humanos na Europa. Em 2019 houve mais um caso confirmado no Reino Unido.

Situação atual em Portugal

Os últimos dados estatísticos disponíveis em Portugal remontam a novembro de 2022, em que são reportados no surto de vírus Monkeypox (MPV) da região de Lisboa e vale do Tejo, 948 casos.

Portugal foi um dos primeiros países a detetar casos de infeção. A partir de julho de 2022 foi disponibilizada uma vacina recomendada aos grupos de risco.

Apesar de atualmente a circulação do vírus ser considerada baixa, não significa a sua erradicação, pelo que se manterá a sua vigilância. As atividades lúdicas de Verão poderão estar associadas ao seu reaparecimento e recomenda-se a vacinação de pessoas em risco.

Um artigo da médica Maria José de Sousa, Especialista em Patologia Clínica.