O que é um traumatismo crânio-encefálico (TCE)?
É uma disfunção cerebral, transitória ou permanente, que resulta do impacto entre o crânio e um agente externo, como sucede por exemplo numa queda, ou quando se é atingido por um projétil. O TCE é a epidemia silenciosa do século XXI., sendo a principal causa de morte e incapacidade em crianças e jovens adultos em todo o mundo.

Consequências:
Os impactos da lesão variam de pessoa para pessoa em função dos fatores pessoais, assim como dos fatores associados à lesão ou à reabilitação.

As consequências desta doença podem ser:

Físicas:
- Problemas de movimento;
- Dificuldades na coordenação motora e equilíbrio;
- Menor força física;
- Lentidão nos movimentos corporais;
- Cansaço, fadiga e perdas de energia;
- Perda de sensações (sensibilidade ao toque, olfacto, visão);
- Epilepsia pós-traumática.

Cognitivas:
- Atenção e concentração: dificuldade em manter-se atento na realização de uma tarefa, ou num pensamento, sendo fácil distrair-se;
- Linguagem e comunicação: dificuldade em organizar-se e compreender informação sensorial;
- Memória: dificuldade em recordar-se;
- Raciocínio lógico: dificuldade em utilizar o pensamento para resolver o problema;
- Funções executivas: dificuldade em organizar e planear as actividades e dificuldade em iniciá-las.

Emocionais:
- Depressão;
- Alterações de humor;
- Irritabilidade;
- Ansiedade.

Comportamentais:
- Impulsividade;
- Agressividade;
- Apatia;
- Falta de iniciativa.

Recuperação/Reabilitação após um Traumatismo Crânio-Encefálico:
O processo de recuperação/reabilitação tem um grau variável, dependendo da gravidade e número de lesões. É desejável que o programa de reabilitação seja feito “à medida” das necessidades individuais de cada situação, sendo articulado por uma equipa multidisciplinar que engloba e integra:

- Medicina física;
- Fisioterapia;
- Terapia Ocupacional;
- Terapia da Fala;
- Terapia Cognitiva;
- Psicoterapia;
- Psiquiatria/neurologia;
- Orientação vocacional;
- Apoio social;
- Reabilitação Neuropsicológica.

A recuperação deve ser medida em semanas, meses e anos e vai abrandando com a passagem do tempo, sendo mais rápida nas primeiras semanas e mais lenta posteriormente, podendo estender-se até 3 anos, após o TCE. Os efeitos da lesão cerebral, normalmente, são de longa duração e a recuperação pode não ser totalmente concluída. Pode haver a necessidade de apoio e serviços continuados durante do resto da vida.

A reabilitação tem como objetivo a capacitação das pessoas com lesão cerebral adquirida para que possam atingir o nível máximo de bem-estar, reduzindo o impacto dos seus problemas no dia-a-dia e apoiar na reintegração aos diferentes e mais apropriados contextos que a vida apresenta.

O papel do “Cuidador”:

O cuidador é a pessoa que assegura os cuidados primários de outra pessoa, quer de forma temporária, quer em termos permanentes, apoiando em termos emocionais, cognitivos, físicos, e etc, para as actividades da vida diária, entre outras.

O papel do cuidador e da família é fundamental e imprescindível no processo de reabilitação de um sobrevivente de TCE. Esta não é uma tarefa fácil e a adaptação a este papel é um autêntico desafio. Logo, deixamos aqui algumas sugestões:

- Não faça tudo sozinho: peça ajuda;
- Viva um dia de cada vez;
- Tenha o seu tempo de lazer;
- Mantenha as suas relações sociais;
- Cuide de si mesmo;
- Participe em grupos de apoio;
- Procure manter o sentido de humor;
- Informe-se com a associação de apoio aos familiares de sobreviventes de TCE de actividades que podem ajudar (www.novamente.pt).

Procure estabelecer parcerias com os profissionais do processo de reabilitação:
- Fornecendo aos técnicos informação biográfica sobre o sobrevivente TCE;
- Ser parceiro no processo de reabilitação: trabalhar em conjunto com os técnicos para garantir a continuidade e a consistência do plano de recuperação em todos os contextos da pessoa;
- Apoio emocional: providenciar carinho, motivação e atenção à pessoa durante todo o processo de reabilitação;
- Identificar necessidades e recursos: procurar encontrar soluções para lidar da melhor forma com as alterações que podem ser para toda a vida ou por um curto período de tempo;
- Faça a pré-inscrição na associação novamente para um fidedigno registo nacional de casos e apoio à consequente criação de estruturas de apoio e resposta às necessidades identificadas.