A toxina botulínica é uma substância produzida pela bactéria causadora da doença botulismo. Inicialmente utilizada pela oftalmologia e neurologia para correcção de contrações musculares involuntárias, há alguns anos começou a ser utilizada para a correção das rugas dinâmicas, com óptimos resultados. As rugas dinâmicas, mais conhecidas por rugas de expressão, são aquelas provocadas pela contracção muscular da mímica facial.
Essa situação leva, ao longo do tempo, à formação de vincos permanentes na pele. A toxina botulínica atua impedindo a contração dos músculos faciais que dão origem às rugas. Com a interrupção desse fenómeno, ocorre o relaxamento muscular e as rugas se atenuam. Os principais locais da face onde pode ser utilizada são a região frontal (testa), a glabela (entre os supercílios) e região peri-orbitária (pés de galinha).
Aplicação e resultados
A aplicação da toxina deve ser realizada apenas por médicos e pode ser feita no consultório. A substância é injetada em pontos específicos dos músculos responsáveis pela mímica facial que causam as rugas. Estes locais são selecionados de acordo com as características de cada pessoa, assim como a dose necessária para se obter o efeito desejado deve ser determinada individualmente.
A aplicação em locais inadequados ou o uso de doses erradas pode acarretar resultados indesejados, como desvios musculares ou expressões de aspeto mais artificial. Por ser injetada com uma agulha muito fina, a maioria das pessoas relata que é perfeitamente suportável a sensação da picada. Pessoas mais sensíveis podem utilizar um creme anestésico, colocado 30 a 60 minutos antes do procedimento, para atenuar o incómodo.
Os resultados começam a aparecer em cerca de 48 horas e atingem o efeito máximo em duas semanas. O procedimento deve ser repetido a cada quatro meses para a sua manutenção. Este tempo pode variar de acordo com cada pessoa e o procedimento pode ser repetido diversas vezes. Em abril de 2015, um estudo australiano publicado no Journal of Neuroscience alertava para o risco da toxina botulínica circular no organismo, atingindo o cérebro e a espinal medula.
Os efeitos colaterais da aplicação
Os efeitos colaterais são raros mas pode ocorrer dor de cabeça leve e transitória logo após a aplicação e também a formação de pequena equimose (uma espécie de mancha roxa) no local de uma ou outra picada da agulha. A ptose palpebral (abaixamento da pálpebra superior) pode ocorrer em 1% dos casos, sendo reversível em cerca de duas semanas. Para evitar riscos de ptose palpebral, quem se submete à técnica não deve se deitar ou manipular os locais da aplicação durante quatro horas após o procedimento.
De acordo com a investigação publicada no Journal of Neuroscience, as moléculas de toxina botulínica injetadas durante o procedimento espalham-se no organismo através dos sistema nervoso. Os especialistas que realizaram o estudo não conseguem, no entanto, afirmar, para já, se essa situação pode ter efeitos nocivos para a saúde. Apesar dessa incógnita, os cientistas australianos acreditam que o botox pode ser usado para tratar pessoas com febre amarela ou com raiva.
Texto: Óscar Prim da Costa (cirurgião maxilofacial) com Luis Batista Gonçalves (edição)
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