A Síndrome de Morte Súbita do Lactente (SMSL) é a principal causa de morte infantil no primeiro ano de vida.
Ocorre durante o sono em bebés aparentemente saudáveis e sem aviso prévio, geralmente durante o primeiro ano de vida.
A probabilidade de morte súbita é maior entre os dois e os quatro meses, sendo baixa durante o primeiro mês.
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), cerca de 95 por cento dos casos verificam-se antes dos seis meses.
Os fatores de risco
As causas da SMSL são ainda desconhecidas. No entanto, vários estudos internacionais revelam alguns fatores de risco. Sabe-se, por exemplo, que o risco aumenta significativamente em crianças que dormem em posição de decúbito ventral (de barriga para baixo) que favorece um sono mais profundo.
Segundo a SPP, esta posição é mais perigosa, pois envolve:
- A respiração do próprio ar expirado, condicionando uma elevada concentração de anidrido carbónico no ar inspirado
- A pressão exercida na face do bebé, dificultando a respiração
- A inibição dos reflexos laríngeos e o sobreaquecimento por diminuição de perda de calor pelo rosto e pela cabeça
O risco é ainda superior em bebés prematuros, assim como se sabe que a exposição ao tabaco durante a gravidez e, mesmo após o parto, favorecem a morte súbita. A American Academy of Pediatrics (AAP) revela que cerca de um em cada cinco casos ocorre quando as crianças estão sob o cuidado de outros que, desconhecendo o risco, colocam os bebés a dormir na posição contra-indicada. Este mesmo organismo desmistifica, contudo, a ideia que a SMSL possa ser provocada pela vacinação, vómitos ou engasgamento.
Como prevenir
Existem algumas medidas práticas que podem ajudar a prevenir um episódio de morte súbita. Siga-as cuidadosamente. Ao fazê-lo, estará a manter o seu filho seguro e saudável.
O que fazer antes de o bebé nascer
Segundo a AAP, o risco de morte súbita pode ser reduzido mesmo antes do nascimento da criança, com a ajuda das seguintes estratégias:
- A futura mãe não deve fumar ou frequentar zonas com fumo.
- A grávida deve ser examinada frequentemente durante a gestação de forma a diminuir o risco de ter um bebé com baixo peso ou prematuro.
A AAP recomenda ainda, se for possível, a amamentação durante o primeiro ano de vida da criança.
A posição certa durante o sono
Não coloque o seu bebé a dormir de bruços, nem mesmo de lado. Segundo a AAP, na posição lateral existe o risco de o bebé rolar acidentalmente e ficar de barriga para baixo. A melhor posição para a criança dormir é de costas (de barriga para cima), a não ser que haja indicação contrária por parte do pediatra, o que geralmente acontece caso tenha uma malformação facial ou oral ou sofra de refluxo gastro-esofágico, refere a SPP.
Este organismo desaconselha ainda a utilização de «sistemas de contenção, como rolos, faixas. Outra medida importante é informar «todos aqueles que prestam cuidados ao seu filho, sobretudo amigos, familiares ou babysitters», sobre a posição correta em que devem deitar a criança, aconselha a AAP.
A posição certa ao acordar
«Ensine o seu filho a dormir de barriga para cima e a brincar de barriga para baixo». A recomendação é da SPP. Quando o bebé está acordado deve colocá-lo, sob a sua supervisão, de barriga para baixo para fortalece os músculos, nomeadamente do pescoço e das costas, contrariar posições tendenciais da cabeça e prevenir potenciais deformações.
A cama mais segura
O bebé deve dormir numa cama, colocada até os seis meses no quarto dos pais, com as seguintes condições:
- Cama de grades colocada numa zona livre de fumo. Os pais fumadores nunca devem fumar no quarto das crianças
- Colchão firme e adaptado ao tamanho da cama
- Lençois perfeitamente ajustados à cama
- Cobertor leve em vez de um edredão que pode provocar a sufocação
- Na cama não devem existir objectos que possam dificultar a respiração como almofadas, fraldas, babetes ou peluches
- A roupa da cama não deve ultrapassar os ombros
- Os pés da criança devem tocar no fundo da cama
Roupa e chupeta
No que se refere à roupa e à chupeta do bebé, também existem cuidados a ter. Acabeça do bebé deve estar sempre descoberta, sem gorros nem fraldas. A criança ainda deve usar roupas leves e confortáveis adaptadas à estação do ano. «Se o bebé tiver febre as roupas devem ser aligeiradas (arrefecimento físico)», afirma a SPP.
De acordo com esta entidade, o uso da chupeta pode ser um factor protetor. No entanto, se ele a rejeitar, não o force. Se o bebé estiver a ser amamentado, não lhe dê a chupeta durante as primeiras semanas de vida, pois pode prejudicar a sua adaptação à mama.
Dormir com o bebé
Dormir com a criança aumenta o risco de morte súbita e o risco de asfixia. Este risco é maior se os pais tomarem medicamentos calmantes, se fumarem ou se ingerirem bebidas alcoólicas, revelam estudos realizados pela AAP.
O mesmo organismo sublinha que os bebés não devem dormir em camas de adultos, sofás, cadeiras, colchões de água ou almofadas. Idealmente até aos seis meses, o bebé deve dormir numa cama adequada que deve estar colocada ao lado da cama dos pais.
Ambiente
Para além de se vital que a criança não esteja exposta ao fumo do tabaco, é também importante estar atento à temperatura ambiente. O risco de morte súbita pode estar associado ao aquecimento excessivo. A transpiração, a face corada e a respiração rápida podem ser sinais de sobreaquecimento, quer provocado pela roupa que a criança usa ou pela roupa da cama, quer provocado pela temperatura do quarto que idealmente deve situar-se entre 18 e 21 graus.
«Colocando o dorso da sua mão na nuca ou no tronco do bebé poderá avaliar facilmente se ele está muito aquecido», revela a SPP. Após a amamentação ou o biberão, mantenha o seu filho na posição vertical, durante 15 minutos, especialmente se ele tiver tendência para bolsar.
Texto: Sofia Cardoso
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