O Acidente Vascular Cerebral (AVC) constitui um grave problema de saúde pública em Portugal e representa a maior causa de morte e incapacidade no nosso país. Para além da idade, o estilo de vida sedentário e a hipertensão arterial são os dois maiores factores de risco para este flagelo.
O AVC constitui a segunda doença cardiovascular que mais mata na Europa (1,3 milhões de óbitos por ano - 14% do total de mortes) ou incapacita com elevado grau de dependência (8 milhões de europeus sobreviveram a um AVC).
As alterações de comunicação (fala, linguagem) e deglutição que podem surgir após um AVC condicionam marcadamente a funcionalidade e autonomia do indivíduo para a realização das actividades da vida diária.
As perturbações de comunicação apresentadas pelo indivíduo podem compreender dificuldades na compreensão e expressão da mensagem (afasia), na mobilidade e coordenação dos músculos responsáveis pela produção da fala (disartria), ou na programação cerebral dos movimentos necessários para produzir os sons (fonemas), e consequentemente, as sílabas e as palavras (apraxia do discurso).
As dificuldades de deglutição que podem decorrer de um AVC comprometem a capacidade de mover o bolo alimentar, com segurança, da cavidade oral até ao estômago (disfagia).
O indivíduo com disfagia apresenta um elevado risco de “desvio de rota” do bolo alimentar, que pode resultar em bloqueios da via aérea (apneia) ou aspiração do alimento (líquido ou sólido) que pode conduzir a infecções pulmonares, coo pneumonias por aspiração que constituem uma das maiores causas de internamento hospitalar e a principal causa de morte, nestes indivíduos.
O terapeuta da fala intervém com o objetivo de diminuir as perdas e potencializar as capacidades comunicativas e de deglutição do indivíduo, contribuindo para o aumento da sua funcionalidade e autonomia na realização das actividades do dia-a-dia.
Por Inês Lopes, Terapeuta da Fala da SpeechCare