A Arteriopatia Cerebral Autossómica Dominante com Enfartes Subcorticais e Leucoencefalopatia (CADASIL - Acrónimo para Cerebral Autosomal Dominant Arteriopathy with Subcortical Infarcts and Leukoencephalopathy) é uma doença genética progressiva, autossómica dominante, causada por mutações no gene NOTCH3 do localizado no cromossoma 19, que afeta os vasos sanguíneos pequenos, originando demência vascular (perda da função mental).

Afeta homens e mulheres de igual modo, no entanto, as manifestações nos homens são, em regra, ligeiramente mais graves do que nas mulheres e a sua prevalência está estimada em 5:100.000 mas pensa-se que poderá ser superior por estar subdiagnosticada.

O gene NOTCH3 é responsável pela estabilidade estrutural e funcional das células musculares lisas vasculares e uma alteração patogénica neste gene origina as lesões cerebrovasculares.

As manifestações clínicas mais frequentes da CADASIL estão essencialmente relacionadas com sistema nervoso central, incluindo acidentes vasculares cerebrais, alterações neuropsicológicas, de natureza cognitiva e emocional, que incluem vários níveis de declínio cognitivo, distúrbios de humor e perturbações do comportamento. A sintomatologia pode variar entre indivíduos da mesma família. A CADASIL pode ser classificada em três estadios: no primeiro, em que a doença se manifesta entre os 20 e os 40 anos de idade, os pacientes apresentam enxaquecas e perturbações de humor, no segundo estadio (entre os 40 e os 60 anos), caracteriza-se pela ocorrência de acidentes isquémicos que podem originar complicações motoras, défices sensitivos e cognitivos, com ou sem perturbações psiquiátricas e o terceiro estadio (geralmente após os 60 anos), os doentes apresentam demência vascular subcortical que origina disartria, disfagia e apatia.

As manifestações clínicas que podem levar à suspeita de CADASIl, iniciam-se tipicamente em adultos jovens e incluem acidentes isquémicos transitórios, enxaqueca com aura, acidentes vasculares cerebrais recorrentes e perturbações psiquiátricas tais alterações de humor e apatia.

A CADASIL apresenta uma imagem característica na ressonância magnética, e o diagnóstico é feito através de testes genéticos ou de biópsia de pele.

O teste genético ao gene NOTCH3 apresenta uma especificidade de 100% e é realizado através de uma simples recolha de sangue que posteriormente é analisada através de sequenciação NGS (Next Generation Sequencing).

Não existe tratamento para a CADASIL. O Aconselhamento genético e o controlo dos fatores de risco vascular e da sintomatologia é, atualmemente, a melhor abordagem para estes doentes. O médico de família poderá assumir um papel importante na suspeita desta doença pelo conhecimento privilegiado do indivíduo e da sua família.

Um artigo de Germano de Sousa, Médico Especialista em Patologia Clínica.