Para os indianos, a doença surge quando a relação entre o indivíduo, o universo e a saúde é corrompida. Esta terapia propõe outras curas e outras formas de encarar os processos de cura.

É a medicina oficial da Índia, país onde foi criada há mais de 3.000 anos. Trata-se de um sistema de saúde holístico, no qual se incluem dietas, yoga, meditação, plantas medicinais, jejum, massagens e fármacos ayurvédicos.

O seu grande objetivo é o equilíbrio do corpo, mente e espírito. De acordo com a sua filosofia-base, há uma relação entre o indivíduo, o universo e a saúde. A doença surge quando esta ligação é corrompida.

Segundo a medicina ayurvédica, existem três forças (doshas), compostas por um ou dois elementos da natureza (água, fogo, terra e ar), que controlam as atividades do organismo. Assim, a probabilidade de a pessoa vir a desenvolver uma determinada patologia é condicionada pelo seu estado de saúde física e mental, estilo de vida e (des)equilíbrio dos doshas.

As descobertas da ciência

Até ao momento, foram realizados poucos estudos rigorosos sobre as diversas práticas da medicina ayurvédica. Investigadores da Universidade do Arizona encontram-se a analisar plantas usadas para tratar patologias inflamatórias e a sua eficácia em casos de asma e artrite. Outra equipa aposta na investigação do composto da planta mucuina priens e as suas potencialidades para prevenir ou atenuar os efeitos da Doença de Parkinson.

Investigadores da Universidade da Pennsylvania, nos Estados Unidos da América, depois de testarem os efeitos de uma planta (guggulipid) ao nível da hipercolesterolomia e de concluirem que é ineficaz (chegando em alguns casos a aumentar os níveis de mau colesterol), estão agora a analisar as potencialidades da medicina ayurvédica a nível cardiovascular.

Os riscos que este tipo de medicina encerra

Algumas substâncias ayurvédicas não foram ainda estudados de forma aprofundada e são potencialmente tóxicas. Segundo o National Center for Complementary and Alternative Medicine (NCCAM), um estudo norte-americano, publicado em 2004, verificou que cerca de 14 medicamentos ayurvédicos de venda livre continham chumbo, mercurio ou arsénico. O mesmo organismo sublinha ainda que, uma vez que estes medicamentos são o resultado da combinação de várias substâncias, torna-se difícil saber qual delas gera efeitos e porquê.

Texto: Nazaré Tocha