Habitualmente considerada indesejável, uma prática vergonhosa ou, até mesmo, um pecado, a masturbação foi, em tempos, apelidada, até, de insanidade masturbatória. Houve, também, quem a apontasse como causa de desgaste físico contínuo que podia levar à decadência, à cegueira e à loucura.

Existem, ainda hoje, inúmeros mitos relacionados com a masturbação que em nada condizem com a realidade.

Que só os homens se masturbam, que provoca danos psicológicos, que só é praticado por pessoas imaturas, que só os homens sem parceira se masturbam ou que a masturbação em excesso é perigosa. No entanto, «a masturbação masculina é um comportamento comum e universal. Quase todos os rapazes adolescentes se masturbam, sendo uma prática que pode manter-se, com menor ou maior frequência, no decorrer de toda a vida», explica Nuno Monteiro Pereira, médico urologista.

Na verdade, o toque e manipulação dos genitais na infância e na adolescência é normal, sendo um importante método de conhecimento do próprio corpo. «A masturbação é igualmente normal, sendo uma maneira de libertar tensões sexuais, particularmente na adolescência e na jovem adultícia», acrescenta o especialista. Naturalmente, como qualquer outra coisa na vida, não deve ser exagerada, defende o médico urologista português.

«Cerca de 90% da população masturba-se e esse ritual já não pode ser visto como um tabu», defendeu já publicamente Eduardo Vieira da Motta, ginecologista brasileiro, alertando apenas para o perigo dos excessos e da dependência que tal comportamento pode gerar. «Tal como todas as outras coisas que dão prazer, a masturbação pode levar a uma compulsão e tudo que é exagerado é mau», sublinha ainda o especialista.

A prática, levada ao extremo, pode ter consequências físicas. Além de lesões na pele e no próprio pénis, nomeadamente na uretra, afetando inclusivamente o próprio processo de micção, «em casos muito raros, pode levar à fratura de órgão sexual masculino. Esta lesão, muito dolorosa, é causada pela ruptura do tecido erétil do pénis», adverte mesmo o sexólogo alemão Ralf Hettich. O exagero pode ainda estar na origem de uma situação de disfunção sexual.

«Quando os homens se masturbam muito rapidamente, exercendo muita pressão ou fricção sobre o pénis, pode desenvolver-se como um transtorno sexual que motiva uma ejaculação retardada. Este tipo de distúrbio sexual pode tornar quase impossível ao homem atingir um orgasmo», acrescenta o especialista. Um estudo australiano publicado em 2003 defende, todavia, que os homens que ejaculam mais correm menos riscos de vir a sofrer de cancro da próstata do que os que atingem o clímax menos vezes.