Esta doença já atinge cerca de 15 mil doentes em Portugal e tem como símbolo uma borboleta de asas abertas. Conhecida por ter mil faces, a Lúpus manifesta-se das mais diferentes formas. Esta é uma doença difícil de distinguir e muitos doentes não gostam de dizer que a têm.

Não é uma doença contagiosa, é tratável, mas, por enquanto, não tem cura e o seu diagnóstico é difícil: Há quem tenha esperado 10 anos para saber de que mal padeciam". Os médicos têm de estar muito atentos aos sintomas e devem repetir as análises sempre que possível, uma vez que estamos a falar duma doença mutável e, como tal, labiríntica.

Generalidades da doença
Não se conhecem as suas causas, mas sabe-se que atinge maioritariamente as mulheres (sendo 8 a 9 vezes mais comum no sexo feminino) entre os 15 e os 45 anos, em especial as grávidas. Apresenta-se por fases ora suaves, ora graves e, de forma cíclica, torna-se remissiva e fica latente por vários períodos.

A hereditariedade da doença é um fator a considerar, alguns Lúpus estão associados a antecedentes familiares que podem explicar alguma predisposição genética para a doença. No entanto, não existe nenhum gene que se atribua ao Lúpus, ao contrário do que acontece com a diabetes.

A sua principal característica é atingir o sistema imunológico, isto é, a barreira que protege o corpo contra feridas, infeções e bactérias. Assim, os doentes com Lúpus não produzem os anticorpos necessários à proteção do organismo, podendo mesmo desenvolver anticorpos que destroem os próprios tecidos o que leva a que muitas das infeções sejam "autoprovocadas". São, por isso, doentes hipersensíveis.

Cuidados redobrados
A hipersensibilidade é especialmente notória na pele muito reactiva aos raios solares, desencadeadores de crises da doença. As idas à praia são para esquecer, porque mesmo à sombra, o reflexo do sol na areia ou o sol que circunda um chapéu de sol, é igualmente prejudicial.

Apanhar um pouco de sol pode significar a formação de bolhas na pele, como queimaduras. Por isso, os produtos solares, em especial o protetor solar écran total, são companheiros constantes do doente com Lúpus.

Acrescente-se que os doentes com Lúpus têm uma pele muito seca e formam manchas e nódoas negras com muita facilidade.

Um dos medicamentos mais tomados para o tratamento da Lúpus é a cortisona, que tem como efeito secundário alterações da estética pessoal: mudanças na textura e cor da pele, inchaços, má circulação, oscilações no crescimento das pilosidades corporais, fragilidade capilar, acompanhada de queda de cabelo.

Os tratamentos de cabelo, assim como os de pele, não podem ser feitos com produtos ativos ou abrasivos, mas com componentes hipoalergénicos, de preferência neutros.

As massagens devem ter em conta não só a hipersensibilidade da pele, como as dores musculares e nas articulações de que estes doentes padecem com frequência. Saunas e banhos turcos são desaconselháveis, porque influem diretamente na tensão arterial.

A tendência para engordar é outro dos dramas dos doentes de Lúpus e, mais uma vez, as oscilações são a palavra-chave. Um programa de controlo de peso com supervisão nutricional, acompanhado de um cuidado estético orientado, ajuda a reencontrar a autoestima muitas vezes perdida.

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A importância da estética
Sentir-se bem na sua aparência e assegurar que as mutações da doença têm sempre uma solução estética é um dado fundamental para o doente com Lúpus. É de suma importância o apoio de uma esteticista que trabalhe a par do tratamento médico. Exige-se, antes do mais, muito profissionalismo e uma grande dose de paciência. Cabe à esteticista a mão mágica para tornar os problemas em apenas pequenas contrariedades.

Tipos de Lúpus:
● Lúpus discoide (LD)
Afeta gravemente a pele, cria uma enorme sensibilidade ao sol e desenvolve alergias com facilidade. Apresenta na pele manchas castanhas ou vermelhas que provocam pequenas feridas.

Pode ocorrer em simultâneo com outras formas de Lúpus, mas se assim não for, não põe o doente em perigo de vida, nem afeta outros órgãos do corpo. É de diagnóstico fácil, porque os seus sintomas são visíveis.

● Lúpus Eritematoso Sistémico (LES)
É o mais comum e pode coexistir com outros tipos de Lúpus. É inflamatório, é crónico (dura para toda a vida), mas é tratável. Afeta de forma imprevisível qualquer órgão do corpo e assume padrões diferentes em cada doente.

O sistema imunológico fica desordenado, deixando de distinguir os tecidos estranhos dos seus próprios tecidos. Por isso, desenvolve inflamações (ou seja, não reage a feridas e infeções) em vários órgãos e pode levar à perda de funções dos mesmos.

A maioria das doentes pode engravidar devendo ser uma gravidez planeada e para tal recorrer a uma consulta de obstetrícia de alto risco. O Lúpus neonatal é pouco vulgar e afeta em especial os recém-nascidos. Provoca erupções cutâneas esporádicas e diminui o número de células sanguíneas, problemas que desaparecem seis meses após o nascimento.

Sintomas do Lúpus Eritematoso Sistémico
Variam de pessoa para pessoa. Alguns são específicos dos doentes com Lúpus, outros aparecem em qualquer outra doença. Nestes últimos estão:

- A fadiga;
- A inexplicável e continuada perda ou aumento de peso (em especial edemas, ou seja, inchaços nos pés e nas pernas);
- Temperaturas baixas que duram muito tempo ou febres altas repentinas;
- Inflamação dos gânglios.

Sintomas específicos da Lúpus que são causados pelo envolvimento de um ou vários órgãos do corpo. Para um diagnóstico da doença, o doente tem de ter pelo menos quatro dos sintomas que se seguem:

- Mancha da borboleta, uma mancha vermelha que aparece nas maçãs do rosto e algumas vezes no nariz, pode ser rasa ou em relevo;
- Sensibilidade ao sol e, por vezes, às luzes fluorescentes;
- A Lópus Discoide, uma mancha em relevo, escamosa, que aparece na face, couro cabeludo, orelhas, peito ou braços;
- Úlceras nas mucosas, pequenas feridas que nas zonas que delimitam a boca ou o nariz;
- Dores articulares nas mãos, pulsos, cotovelos, joelhos e outros, no geral sem modificações exteriores das articulações;
- Inflamações na pleura;
- Envolvimento renal;
- Convulsões e psicoses;
- Desordens nas células e sistema imunológico;
- Alopécia;
- Má circulação nas mãos e nos pés;
- Células LE em análises de sangue;
- Análises falsamente positivas de sífilis;
- Reações positivas a algumas análises relacionadas com os anticorpos.

Para os doentes com Lúpus e todos aqueles que queiram esclarecer dúvidas sobre a doença existe a Associação Portuguesa de Doentes com Lúpus, na Praça João do Rio nº 9 Rc. Dto., em Lisboa, que poderão contactar através de telefone 218 446 473 ou ainda através da Linha Verde 800 200 231.