Cinco anos é o tempo médio de vida para 50% dos doentes com insuficiência cardíaca, após o seu diagnóstico. Esta doença ocorre muitas vezes devido a lesão do músculo cardíaco, o que pode acontecer após um ataque cardíaco ou outra doença que afete o coração, ou devido a uma agressão continuada e mais gradual, como acontece na hipertensão arterial, diabetes, doença coronária, colesterol elevado, consumo excessivo de álcool ou abuso de drogas.
Na maioria dos casos, a insuficiência cardíaca, um problema que afeta 26 milhões de pessoas na Europa e nos EUA, não tem uma única causa. Segundo Victor Sanfins, cardiologista do Hospital de Guimarães, «um número elevado de doentes com insuficiência cardíaca avançada tem associados distúrbios da condução intra-ventricular». O tratamento destes doentes passa por optimizar a terapêutica farmacológica e por corrigir essas alterações.
«Para tal, hoje podemos recorrer a um procedimento cirúrgico a que chamamos Terapia de Ressincronização Cardíaca (TRC), que consiste na implantação de um dispositivo cardíaco semelhante a um pacemaker», explica. «Em Portugal, o número de pacientes que beneficiam desta técnica é muito reduzido, isto porque nem todos têm indicação (a técnica está reservada a doentes com insuficiência cardíaca congestiva grave, refractária à terapêutica farmacológica e com perda de sincronia mecânica do coração)», diz.
No entanto, acrescenta, «há cada vez mais evidência de que esta terapia pode ser muito importante para impedir a progressão da doença e que deve ser proposta mais cedo de modo a evitar essa progressão para um ponto irreversível». O seu custo é relativamente elevado mas, em termos de custo / benefício (redução da mortalidade, melhoria da qualidade de vida, redução significativa dos internamentos e dos custos a ele associados), é muito vantajosa.
Custos com a doença poderão duplicar até 2030
Falta de ar, cansaço inexplicado e inchaço dos membros inferiores são sintomas de que padecem os doentes com insuficiência cardíaca. Dados da Fundação Portuguesa de Cardiologia referem que uma em cada três pessoas confunde os sintomas da insuficiência cardíaca. «É urgente aumentar o reconhecimento e conhecimento público dos sintomas da insuficiência cardíaca», explica Nuno Lousada, cardiologista.
«Apesar da melhoria de cuidados verificada nos últimos 20 anos, a mortalidade por insuficiência cardíaca permanece inaceitavelmente elevada, registando duas a três vezes mais mortes do que alguns tipos de cancro em estadios avançados, como o cancro da mama e o cancro do cólon», realça ainda o também administrador da Fundação Portuguesa de Cardiologia. Em Portugal estima-se que mais de 300 mil pessoas sofrem desta doença.
A insuficiência cardíaca caracteriza-se pela incapacidade do coração bombear sangue suficiente para todo o corpo e causa mais mortes do que alguns tipos de cancro em estádios avançados, como o cancro da mama e o cancro do cólon. Muitos especialistas internacionais têm vindo a alertar, em conferências e entrevistas, que a doença é um elevado fardo para a economia mundial, custando mais de 81 mil milhões de euros por ano ano, um valor que se poderá duplicar em 2030.
Comentários