De acordo com o agente etiológico envolvido, a apresentação e a evolução clínica poderão ter características diferentes, no entanto apresentam todas algo em comum, a febre e as manifestações hemorrágicas.
Existem diversas doenças incluídas neste grupo,porém as doenças mais conhecidas são o Ébola, a Febre Amarela, a Febre de Lassa e a Febre hemorrágica de Marburg.
Se considerarmos em conjunto estas famílias de vírus, podemos afirmar que se encontram distribuídos pelos vários continentes. Contudo, cada vírus está associado a um ou mais hospedeiros específicos, logo o vírus e a sua doença associada encontram-se em áreas endémicas do próprio hospedeiro.
Transmissão
Os vírus associados com a febre hemorrágica são sobretudo zoonóticos ou seja, são transportados por hospedeiros, como pequenos roedores, morcegos ou vetores como o mosquito. Os vírus são totalmente dependentes da replicação desses hospedeiros para a sua sobrevivência. Se em alguns casos os hospedeiros estão bem identificados, noutros ainda permanecem desconhecidos como no caso do Ébola e da Febre Hemorrágica de Marburg.
A transmissão do vírus ocorre sobretudo quando os humanos entram em contacto direto ou indireto com esses animais infetados através da urina, fezes ou saliva ou por meio de vetores como é o caso da picada de um mosquito.
É importante salientar que, nalgumas destas infeções virais (Ébola, Febre Hemorrágica de Marburg, Febre de Lassa e Febre Hemorrágica Crimeia-Congo) é possível a transmissão interpessoal a partir de um doente infetado. Este tipo de transmissão pode ocorrer pelo contacto direto com o doente ou indireto com os objetos contaminados pelos seus fluidos corporais.
Quais os sintomas da febre hemorrágica viral?
Tal como referido anteriormente, cada uma das doenças tem características muito próprias relacionadas com os sintomas e a sua evolução.
No entanto, existem alguns sinais e sintomas em comum que incluem febre, cansaço, tonturas, cãibras e fraqueza muscular. Estes sintomas generalistas e inespecíficos podem ser encontrados em inúmeras infeções virais.
Uma das principais características destes vírus é a lesão dos vasos que poderá levar ao aparecimento de pequenos hematomas, hemorragias pelos diversos orifícios corporais que incluem olhos, ouvidos ou boca. Poderão também ocorrer hemorragias dos órgãos internos, muitas vezes em grande quantidade que podem culminar em choque.
Nas situações clínicas mais graves podem ser observadas alterações neurológicas agudas que incluem crises convulsivas e coma.
Qual o tratamento e como prevenir?
Salvo escassas exceções, não existe tratamento dirigido directamente à infeção viral. Assim, e apesar da gravidade de algumas das apresentações, o tratamento é sobretudo de suporte de órgão. Poderá ser necessário o internamento numa Unidade Hospitalar, em quartos específicos de isolamento ou mesmo numa Unidade de Cuidados Intensivos.
À exceção da Febre Amarela e da Febre Hemorrágica Argentina, não existem vacinas que protejam destas infeções. Consequentemente a prevenção é fundamental. Deverão ser evitadas viagens para locais com surtos de doença ativos, bem como a evicção do contato com as espécies hospedeiras.
Nos casos de doenças com transmissão interpessoal,o doente deverá ser isolado num quarto ou espaço adequado. Os profissionais de saúde ou outros que contactem com o doente deverão ter à sua disponibilidade material de proteção pessoal que incluem batas,máscaras, luvas, viseiras e todos os objetos deverão ser esterilizados.
Nas situações em que existe suspeita de uma infeção por estes agentes , como no caso de viagens a países com o surto ativo e na presença dos sintomas supracitados, os doentes deverão primeiro contactar as linhas de apoio (Saúde 24) para saberem como deverão proceder antes de se dirigirem a um Serviço de Urgência.
Por Mariana Abreu Vieira, Médica especialista em Medicina Interna no Hospital de Cascais
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