Foram desenvolvidos com o intuito de normalizar o estado de humor em doentes que se encontram deprimidos. Para tal, os medicamentos antidepressivos atuam modificando a transmissão neuroquímica no sistema nervoso central, participando na produção de neurotransmissores, mensageiros químicos que favorecem a comunicação entre as células e nos deixam de bom humor.

No entanto, existem alimentos e plantas que têm uma ação semelhante. Alguns deles, consumidos mesmo em doses baixas, em associação com medicamentos antidepressivos podem aumentar a ação do fármaco assim como os seus efeitos secundários. Maria da Graça Campos, coordenadora do Observatório de Interações Planta-Medicamento, destaca os principais. Estas são as substâncias que não deve ingerir:

- Açafrão-das-índias (Curcuma longa L.)

Esta especiaria «tem um efeito semelhante aos medicamentos antidepressivos, ao inibir a monoamina oxidase, atuando de forma sinérgica com este tipo de fármacos e aumentando o risco de efeitos secundários, mesmo usado em doses baixas», alerta Maria da Graça Campos.

- Hipericão (Hypericum perforatum)

«Esta espécie de hipericão, diferente do nosso hipericão-do-gerês (Hypericum androsemum) , tal como os antidepressivos, aumenta os níveis de serotonina e pode induzir a síndrome serotoninergica, que em termos práticos se traduz no estado oposto à depressão, que é o estado de mania», caracterizado por um humor anormal e persistentemente elevado,  expansivo ou irritável», refere a especialista.

- Lavanda (Lavandula officinalis)

Tem um efeito calmante, e o uso associado com medicamentos ou plantas medicinais que tenham a mesma ação pode traduzir-se num aumento do efeito e ser prejudicial à saúde.

O que é o Observatório de Interações Planta-Medicamento?

Criado pela Universidade de Coimbra, este organismo dedica-se a investigar e divulgar casos em que se suspeite de interação nociva entre medicamentos, alimentos e suplementos. Um dos objetivos  é «que os medicamentos venham a incluir na bula, cada vez mais, alertas sobre estas interações», refere a coordenadora Maria da Graça Campos. Mais informações em www.oipm.uc.pt.

Texto: Bárbara Bettencourt com Maria da Graça Campos (coordenadora  do Observatório de Interações Planta-Medicamento)